terça-feira, 24 de novembro de 2015

Xauê - O patrono dos guerreiros

Nkissi Xauê

Nkisi Xauê ou Nxae é a divindade patrona dos Jinkissi guerreiros. Divindade cultuada na Angola no leste de Loanda e no sul de Mukongo. Xauê é velho e grosseiro, tido para muitos o verdadeiro Nkissi da guerra e das contendas, sua força emana embates e lutas das quais matam povos e muito sangue é derramado. Esse Nkissi foi deixado um pouco de lado depois da diáspora negra devido muitos dos seus adeptos terem sido mortos e escravizados, e muitos sacerdotes desse Nkissi eram velhos que para o senhores de terras não faria serventia alguma, então foram mortos ou espancados até a morte.
Xauê é muito agressivo, então muitos pais e mães de santos da nação Angola preferem não iniciar ninguém para este Nkissi, fazendo no lugar um Nkissi mais próximo e um pouco mais benevolente, este sendo Nkossi ou Mavambo, assim, durante os anos, muitos foram perdendo a verdadeira forma de culto deste Nkissi por medo de sua fúria e destruição vasta, e substituindo as pessoas desse Nkissi por Nkossi, fato que Nkossi ficou mais conhecido do que Xauê, o qual poucos escutam falar. Mas, ainda é possível encontrar rezas e zuelas (cantigas de louvação) à essa divindade, e muitos ainda iniciam este Nkissi na cabeça de pessoas, tendo o conhecimento ainda arcaico dessa divindade para de haver ainda um culto à ele.
Na mitologia Bantu, Xauê é o grande patrono dos guerreiros pai de Nkossi e Nangê que foi casado com Mikaia e mais tarde com Nzumbá tendo um filho com ela chamado de Katú. Sua personalidade arredia e agressiva lhe valeu o apelido de valentão, e muitos temiam a força de Xauê por sua brutalidade e braveza, então Xauê era muito solitário por ser muito esquentado, assim ninguém beirava e ninguém ousava desafiar Xauê. Certo dia foi desafiado por Karamose, a Nkissi do poder feminino e da guerra, Xauê ficou irritado e ousou desafiar Karamose para o embate, diferente do que muita gente pensam, Xauê perderia o combate, vencendo somente com o auxílio de Nkossi, onde se tornou excepcionalmente o senhor da guerra. Há uma certa semelhança com a lenda yorubá do embate de Ogún com Obá, onde Ogún venceu de Obá com a ajuda de Exú, mas neste caso, venceu com a ajuda do próprio parceiro de campo chamado de Nkossi sem o envolvimento de Njila que seria o Exú para os bantus.
A cor de Xauê é vermelho lembrando o fato de se banhar de sangue, e suas vestimentas também são o vermelho com o verde-escuro ou azul-marinho, usa duas espadas e carrega uma lança nas costas, quando manifestado se comporta de forma agressiva e não pode ser a nenhum momento questionado ou tocado de forma agressiva ou desrespeitosa, caso isso ocorra, este Nkissi se inquizila de imediato e a pessoa em prol é castiga com um acidente de trânsito ou atacado por armas de fogo ou branca, de forma que não fique vivo ou com fortes sequelas no corpo, Xauê não visa que castiga, este castigando até o próprio sacerdote ou sacerdotisa da pessoa na qual imcorpora.
Suas atribuições culinárias é com muito azeite de dendê e peincipalmente inhame, e só pode ser acalmado com mel.


Nkossi - A guerra e a forja

Nkissi Nkossi

Nkisi Nkosi é derivado da mesma família como Nkondi, mas está diferentemente composto é usado pelo Nganga durante a iniciação de noviços. O termo Nkosi se refere a o leão, Nkisi de Kongo Ocidental, Nkosi um ser grande é o Nkisi das contendas, Nkisi da guerra, rege as lutas, batalhas, brigas, divindade masculina dos povos Bantu.
Nkosi é um grande guerreiro e também habilidoso ferreiro, é filho de Mikaia e irmão de Njila e Mutakalambo, o Nkisi da caça. Nkosi vive nas estradas, sendo o próprio caminhar das pessoas, protegendo-a nas ruas, estradas e trilhas da vida. Protege também a entrada dos Jinzo (casas no plural, Nzo= Casa) de nação Angola e Congo juntamente com seu irmão Njila, e protege também as entradas das florestas onde mora juntamente com seu irmão caçador Mutakalambo, sendo assim então um chefe da guarda alta de casas, templos e matas em geral. 
É o Nkisi do ferro, dos ferreiros e de todos que utilizam esse metal, força da natureza que se faz presente nos momentos de impacto e nos momentos fortes. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Nkosi, considerado como um Nkisi impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil e amável, é a vida em sua plenitude. Os lugares consagrados a Nkosi ficam ao ar livre, na entrada das casas e terreiros, geralmente são feitas em forma de bigorna junto às árvores. Nkosi é representado também por franjas de palmeira ou dendezeiro desfiadas, que penduradas nas portas ou janelas, representam proteção, cortando as más influências e protegendo contra pessoas indesejáveis. O culto a Nkosi é bastante difundido tanto no Brasil quanto na África, sem sua permissão e proteção, nenhuma atividade útil, tanto no espaço urbano como no campo poderia ser aproveitada. Deve ser invocado logo após Pambu Njila ser encaminhado a porta abrindo caminho para os outros Minkisis (Deuses). Como na África ele é representado por sete objetos de ferro pendurados em uma haste de metal, a importância de Nkosi vem do fato de ser ele um dos mais antigos dos Minkisis, e também em virtude de sua ligação com os metais e aqueles que os utilizam. Nkosi como personagem histórico, teria sido o filho de Nzambi Mpungu, um dos mais velhos, era um temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra várias Cidades e as destruiu. saqueou e devastou muitos outros Estados e apossou-se das Cidades, matou vários Reis e Comandantes, em uma dessas Cidades Nkosi instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Rei. Por razões que ignoramos, Nkosi nunca teve o direito a usar uma coroa feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de missangas, dissimulando o rosto, emblema de realeza, foi autorizado a usar apenas um simples capacete de metal, e isso lhe valeu ser como um soldado, até hoje sob o nome de "Nkosi o Rei Guerreiro, conhecido no Brasil" pelos descendentes da Angola trázidos para esses lugares. Nkosi teria sido o mais enérgico dos filhos de Nzambi Mpungu, Nkosi decidiu depois de numerosos anos ausente, voltar para visitar seu filho. Infelizmente as pessoas da Cidade celebravam no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto, Nkosi tinha fome e sede, viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios. Ninguém havia respondido às suas perguntas, ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo. Nkosi cuja paciência é pequena, enfureceu-se com o silêncio geral por ele considerado ofensivo, começou a quebrar com golpes sabre os potes, logo depois sem poder se conter passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas como cães e caramujos, feijão regado com azeite-de-dendê e potes de vinho de palma. Enquanto saciava a sua fome e a sua sede os habitantes da Cidade cantavam louvores onde não faltava a menção. Satisfeito e acalmado, Nkosi lamentou seus atos de violência e declarou que já viveu bastante, baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora. Antes de desaparecer entretanto ele pronunciou algumas palavras. Essas palavras ditas durante uma batalha Nkosi aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou, porém elas não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois se não encontrar inimigos diante de si é sobre o imprudente que Nkosi se lançará. Como Nkisi, Nkosi é o deus do ferro dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores, desde o início do século, os mecânicos, os condutores de automóveis ou de trens os reparadores de velocípedes e de máquinas de costura vieram juntar-se ao grupo de seus fiéis. Nkosi é único mas diz-se que ele é composto de sete partes, frase que faz alusão às sete aldeias, hoje desaparecidas que existiriam em volta das Cidades. O número 7 é pois associado a Nkosi e ele é representado nos lugares que lhe são consagrados por instrumentos de ferro em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha, símbolos de suas atividades.


Vangira - A senhora da sexualidade

Nkissi Vangira

Vangira ou Va-Njila é o lado feminino de Nkissi Pambu-Njila. Ela representa a sexualidade feminina e para os Bantus, representa também a fertilidade feminina e a menstruação. É uma Nkissi que atua também junto à Kissimbi, Mikaiá e Dandalunda, então se liga as águas e também ao fogo como seu masculino Njila. Dizem alguns que na verdade Vangira é o Nkissi Njila disfarçado de mulher para se manisfertar na cabeça das mulheres, pois, segundo os Bantus, Njila não se manifesta na cabeça de mulheres, este Nkissi sendo substituído por Vangira.
Em terras angolas, Vangira era cultuada ao lado de Njila em Benguela e também em Loanda, onde hoje seu culto está praticamente extinto. Quando se houve a diáspora negra no século XVI, muitos dos seus adeptos na Angola foram mortos e sentenciado a serem escravos devido o fato de Vangira ser simbolizada como uma mulher nua com seios fartos e bunda farta, sua vagina que é seu maior símbolo é destacado aberto e saindo dele sangue simbolizando a menstruação da mulher, e seu corpo é de uma cintura fina com quadril largo e extenso simbolizando a fertilidade feminina. Quando essa imagem foi mostrada para os europeus, eles associaram ao diabo como forma feminina, sendo Njila a forma masculina do diabo já que é simbolizado por uma estatueta com o pênis ereto. Isso para os europeus cristãos estava totalmente ligado aos pecados da Luxúria e da Gula, já que Njila é um Nkissi que come muito, foi assim automaticamente associado ao diabo da crença cristã. Como na África, Vangira era louvada ao lado de Njila, então recebia também o nome de Pambu-Njila, consequentemente quando esse culto veio para o Brasil, alguns adeptos tentaram salvar os cultos da antiga terra de onde se originaram, então juntaram à outros povos que também queriam salvar alguns de seus cultos, e dentro de suas Senzalas onde chamavam de Nkongá (Templo), iniciou-se os primeiros cultos de Mbanda para o resgate de antigos costumes afroangolano e afronigeriano. Com o tempo, esse costume foi se adaptando, e Pambu-Njila começou a ser reverenciado também as imagens de sexologia brasileira como homens e mulheres, onde se originou também chama-los de Pambu-Njilas, com o tempo passando e esses costumes secretos se propagando, foram sendo alternados e modificados para uma forma mais aceitável pela igreja católica, então o nome foi mudado para Pombagira e os homens sendo chamados de Exú, já que alguns adeptos da Nigéria se juntaram aos angolanos nas Senzalas. Assim se iniciou o princípio do princípio da religião onde hoje é conhecida popularmente como Umbanda (Mbanda ou Ngbanda que significa Magia, ou o ato de se fazer magia).
Vangira então ficou praticamente esquecida tanto em Angola como aqui no Brasil após essa adaptação de cultos e ritos, assim, foi se perdendo ao longo dos tempos até ter sido praticamente esquecida até mesmo pelos povos da nação Angola e Congo. Hoje algumas casas tentam resgatar esse culto à parte de Njila pois, é uma mulher da fertilidade, então alguns Tatás e Mametos se viram na necessidade de recuperar os cultos profanos de Vangira. Esta sendo totalmente modificada ao longo dos anos.


Aluvaia - O primeiro dos Jinkissi

Nkissi Aluvaia

Aluvaia, o primeiro dos Jinkissi e o mais velho de Nkossi. Aluvaia é o grande mensageiro dos Jinkissi, levando as mensagens dos homens para as divindades e vice-versa. Aluvaia funciona como aquele que serve de intermediário para os dois mundos, então ele não para, sempre em movimento, correndo e agindo. Contam os mais antigos que à esse Nkissi que se deve o fato de se fazer a Kizomba (festa) no Nzo (casa), pois, é graças à Aluvaia que uma festa acontece, ele procede o que lhe é ofertado e se for de bom agrado, ele faz com que toda a festa ocorra nos conformes protegendo o barracão de mal-feitores, bandidos, invejosos, animais perigosos e espíritos zombateiros. Para Aluvaia se deve o fato então, de sempre lhe ofertar a farofa com dendê e pimenta que lhe é entregue jogando em três montinhos na rua em frente ao barracão, assim se oferece de Aluvaia para Njila, o guardião dos caminhos.
De Aluvaia se originou todos os Jinkissi do caminho, como Mavambo, Njila, Vangira, Mavu, Maviletango, Bombo e etc..., então sempre se refere à Aluvaia o começo da festa, em seguida seu amigo inseparável chamado de Nkissi Pembá.
Aluvaia é então o senhor dos caminhos,ruas e encruzilhadas .É um Inkisi difícil de ser definido de maneira coerente. Ele gosta de gerar disputas e provocar acidentes. É grosseiro, vaidoso, indecente, a tal ponto que os primeiros missionários, assustados, comparam-no ao Diabo. A presença de ALUVAIÁ esta no membro ereto do macho, na penetração da fêmea, na ejaculação, na primeira célula que está em formação, na paixão, no desprezo, no engano, na dor, no consumo de álcool e tóxico.
Porém, ALUVAIÁ possui o lado bom e, se êle é tratado com consideração, reage mostrando-se servisal e prestativo. Se, ao contrário, esquecerem de lhe oferecer sacrifícios e oferendas, podem esperar catástrofes. Desta forma, revela-se o mais humano dos Inkisi, nem completamente mau, nem completamente bom.
Històricamente, ALUVAIÁ teria sido um dos companheiros de KUKUALUNGÁ, princípio feminino, quando da sua chegada a BENGUELA, e chamava-se NZILÁ. Tornou-se mais tarde, um dos assistentes de KASSUMBENCA ( SENHOR DA ADIVINHAÇÃO), que preside a adivinhação pelo sistema de NGOMBO ORACULO  e rei de ANGOLA  sob o nome de PAMBU NJILÁ SENHOR DOS CAMINHOS
Como Inkisi, diz-se que ele veio ao mundo com um porrete, chamado OGÓ, que teria a propriedade de transporta-lo, em algumas horas, a centenas de quilômetros e atrair, por um poder magnético, objetos situados a distâncias grandes. ALUVAIÁ é o guardão dos templos, casas, cidades e das pessoas e serve de intermediário entre os homens e os deuses. Por esta razão é que nada se faz sem ele e sem que oferendas lhe sejam feitas, antes de qualquer outro Inkisi, para evitar suas tendências a provocar mal-entendidos entre os seres humanos e em suas relações com os deuses e dos deuses entre si.

Pambu-Njila - O senhor dos caminhos

Nkissi Pambu-Njila

Pambu-Njila é o senhor dos caminhos. Na Mitologia Candomblé Angola Bantu, Pambu significa encruzilhadas e Njila  significa caminho, Pambu Njila é um Nkisi, intermediário entre os seres humanos e outros Nkisis, o senhor do caminho e dos começo, guardião das aldeias que tinha seu culto, geralmente nas suas entradas. A pronuncia Pambu Njila,  podemos dizer: só fale comigo se realmente estiver certo do que quer, Nkisi mensageiro entre os homens e as divindades, um Nkisi considerado guardião e pai, tem seu lado agressivo e ao mesmo tempo gentil e passivo. Pode ter matado um pássaro ontem com uma pedra que jogou hoje. Ele é encarregado de zelar pelos caminhos da vida humana e responsável pela evolução dinâmica. Pambu Njila é o principio de tudo a força da criação, o nascimento, equilíbrio negativo do Universo. Ele é a célula, mantem a geração da vida o que gera o próprio infinito, quantas vezes precisar. É considerado primeiro, o primogênito, responsável e grande mestre dos caminhos, o que permite a passagem o início de tudo. Pambu Njila é a força natural viva que fomenta o crescimento, o primeiro passo em tudo o gerador do que existe do que existiu e do que ainda vai existir. Ele está presente mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. A capacidade dinâmica de tudo que tem vida, principalmente dos seres humanos que carregam em seu plexo, elemento dinâmico denominador. O elemento de Pambu Njila é o fogo (Tubia) divindade que conhece todos os atalhos, todos os caminhos e está com seu filho em todos os lugares que ele possa ir, não há portas fechadas para essa divindade. Esse Nkisi está ligado diretamente a todos caminhos, estradas, fronteiras, ruas, vielas, becos, encruzilhadas, atalhos, subidas, descidas, enfim, está em todos os movimentos de ligação de ir e vir, de mudanças novos rumos. Pambu Njila é um Nkisi respeitado e sempre será o primeiro à ser louvado e homenageado, recebe homenagens e louvações, primeiro que qualquer outro Nkisi, ele quem guarda, Dibitu (porta) do Nzo e também tem a função de avisar a outros Nkisis, que as cerimônias religiosas terão seu início. Pambu Njila é filho de Mikaia e irmão de Nkosi e Mutakalambô. Dos três é o mais agitado, capcioso, inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre, é aquele que inventa histórias, cria casos. Em uma de suas muitas histórias podemos entender exatamente sua capacidade inventiva, sua conduta maquiavélica e sua maneira prática de resolver seus assuntos e saciar seus desejos. Assim é Pambu Njila, senhor dos caminhos pai da verdade e da mentira, o deus da contradição, do calor, das estradas, do princípio ativo de vida, o mestre de tudo e nada.

Mavilutango: Responsável direto pela ordem do barracão, é o que recebe realmente a maica, a ele saudamos e pedimos a segurança do portão, para um bom andamento do Kizomba (fésta). Quando dizemos que despachamos, não é Mavilutango que estamos despachando e sim, estamos o enviando a nossa porta para segurar as brigas, os invejosos, espíritos perturbadores, e etc. Muitos usam o termo vou despachar Exú ou Mavilutango, o que na verdade seria vou despachar a porta e lá deixar Mavilutango, fiscalizando e neutralizando todas as Kizilas. É impossível afirmar que se trata da vibração, da força que interliga o Ixí (Terra) e Duilo (Céu).



Mavambo - O grande guardião

Nkissi Mavambo

Mavambo é um Nkisi cultuado em muitos Candomblés Angola e Congo como guardião dos caminhos. Esse Nkisi é uma Divindade que gosta de andar, não fica por muito tempo parado, é um Nkisi que acompanha Nkosi nas estradas e florestas, esta envolvido com a paz, mas para que a paz reine na comunidade, ele tem que lutar contra o individuo obsessor que esta tirando a harmonia da comunidade.
 
Segundo alguns candomblecistas, Mavambo é conceituado como o senhor do barro, um conquistador. É acreditado ter-se originado dos sonhos de Nkosi quando em suas andanças, Nkosi parava para descansar, dormir, onde nasceu um montículo de barro por baixo da cabeça de Nkosi. Pela manhã ao cantar do galo três vezes, nesse mesmo monte, a cada dia surgia um Mavambo com o proposito de vigiar os caminhos dominados por Nkosi.

Mavambo foi fonte de estudos do Sergio Adolfo, mas não sendo muito feliz por conta da escarces de fontes bibliográficas, não encontramos nada em seus estudos relacionado ao Nkisi Mavambo. Mas pesquisando sobre os povos do grupo Ambó ou Ovambo, povo esse de origem Bantu, encontro na palavra Ovambo uma semelhança na fonética com a palavra Mavambo, mas a coincidência não para por ai, ela também adentra tanto pela historia desse povo quanto na historia do Kongo.  

O grupo Ambó ou Ovambo ocupa um extenso território ao sul de Angola. De acordo com CARLOS DUARTE, a origem do termo “Ambó” perdeu-se no tempo, mas, foram designados pelos Donga, os “Ova-Donga” (povos localizados a norte da Namíbia), que a forma correta do termo “Ambó” é “Ova-Mbo”, que foi sofrendo alterações até chegar a Ambó. Entre as suas populações, os Ambó da região da Angola, o subgrupo que mais se destaca, é o Kwanyama (Cuanhama) e o Kwamatwy (Cuamatui), pelo valor de guerreiros e pelo poder econômico adquirido. 

A família Ambó (Ova-Mbo), ou seja, os subgrupos do lado da Namíbia (antigo sudoeste africano) se encontram os Kwambi, Onga, Gandgela, Lolocktsy Gunda e Kwaluty; os do lado da Angola encontram os Kwamatwy, Dombola, Evale, Kwanyama e Kafima.

Mesmo que o grupo Ovambo seja descartado por muitos leitores, como origem da palavra Mavambo ou sendo os povos que cultuaram a Divindade Mavambo, decidimos prolongar, acrescentamos a palavras MAVU, cujo significado é barro ou terra, que encontramos no Dicionário Kimbundu-Português da Fatima Katulembe, como uma das origens. Pois essa palavra é facilmente encontrada nas Mimbu desse Nkisi.
A palavra Mavambo, como pode observar a sua fonética, é muito próxima da palavra Ovambo do grupo Ambó ou Ova-Mbo. E decidimos analisar se sua origem também possível encontrar na cultura Kongo e estudarmos a origem da palavra Mavambo nesse território de linguagem totalmente diferente as do povo Ova-Mbo, cuja linguagem é o Kikongo, para chegarmos á uma conclusão, se descartamos ou não, o conceito de Ova-Mbo ser uma das principais origens da palavra Mavambo.

No Reino do Kongo, é encontrado títulos de chefes, eles são Mani, Ntotila, Mwene e Ntinu, mas aqui focaremos apenas no titulo Mani como proposito de nossas pesquisas.

Segundo Patrício Batsikama “no pensamento Kôngo, o Senhor de Mbânza- Kôngo é, antes de mais, um chefe, representante dos Ancestrais e eleitos pelos Makôtas mais velhos” (2010: p;106,107).

De acordo com Batsikama, MANI deriva de:
mânika: estender, pôr no teto, pôr cima ou expor algo a vista (dos clientes, por exemplo); mânina: findar, esgotar; mânisa: terminar, acabar uma obra, acabar completamente uma obra.

O titulo Mani indica que o seu portador é um chefe, uma pessoa indicada a resolver os problemas jurídicos da comunidade ou qualquer outro problema dos cidadãos da comunidade e representante dos ancestrais que são um dos principais governante da comunidade.

De acordo com Jan Van Wing (citado por Patrício Batsikama) escreve no seu livro Etudes Bakongo I que, até no século XIX, os Ambundu vinham resolver os problemas jurídicas e/ou outras discussões em Mbâzi’a Nkânu, a capital do NTÔTIL’A KONGO (2010: 107). 

No Kongo é comum ajustar as partículas MA de MANI ou NE de MWENE, ao nome da aldeia com o proposito de se conhecer o responsável pelo território. Como por exemplo: Mani-Soyo, Mani-Mpumbu, Mani-Kongo e etc.

Segundo Itana Mutarere, fez um resumo (na integra) de suas pesquisas sobre Mani Njila e Mani Kongo, contidas no livro do Tata Nkasuté, Estudos da Mitologia Bantu, pág 34 a 36.

“MANI NJILA – Senhores dos Caminhos. No Reino de Matamba e nas regiões próximas, quando os grupos viajavam em busca de caça ou melhor habitat, dois Chefes eram designados para cada grupo. Um seguia na frente ( o Mussenga) e o outro na retaguarda (o Kikinda); ambos levavam pós, ervas, amuletos, com os quais encantavam as feras protegendo o grupo. Tinham como hábito religioso fazer colares de ovos de perdiz, os quais eram confeccionados sob grande feitiço para lhes aumentar a coragem. Aquele que encontrava um coelho, uma lebre, uma codorniz, ou qualquer outro animal tímido no caminho, era promovido naquela campanha. Além disso, podia usar um tapa-sexo confeccionado com o couro do animal e enfeitar-se com as penas. Suas armas mais poderosas eram o feitiço, venenos nas setas de suas flechas, alfanjes, facas e lanças de ferro.

KONGO NJILA – títulos reservado aos grandes guerreiros do Kongo. apresentavam-se nus, porém os mais aguerridos usavam peles das feras que dominavam e enfeitavam-se com lindas penas de aves de bom augúrio. Muitos eram horrivelmente deformados e pintados. Suas armas eram: arco e flexas, espadas, facas, alfanjes de ferro ou madeira e grandes escudos. A destreza na luta, a disciplina e extrema coragem garantiam a proteção do Mani-Congo”.

Como podemos observar nos parágrafos referentes ao titulo de MANI, no Reino do Kongo, nos leva a uma porcentagem maior do povo Ova-Mbo ser uma das origens do Nkisi Mavambo, principalmente o paragrafo explicando o ajustamento das partículas MA de MANI, onde podemos observar essa partícula ajustada na palavra Mavambo, e os parágrafos resumidos pela Itana Mutarere sobre Mani Njila e Kongo Njila, que fortificou mais a sua origem.

Mavambo = Ma-Vambo = Mani-Vambo = Ova-Mbo = O Senhor do Caminho que liga os povos Ova-Mbo aos povos do Kongo, ou seja, o Senhor do Caminho que liga Angola a região Kongo.

Mavambo é conceituado um Nkisi dos caminhos, guardião das aldeias e caminhos, com forte ligação com os Ancestrais e Antepassados, está ligado ao fogo, ao barro, a terra, principalmente com Mukumbi. Também é detentor do poder jurídico, da guerra e da caça.


Lissá - O deus sol

Vódun Lissá

Lissá seria um dos principais deuses da liturgia Fón. Juntamente com Mawú, sua esposa, é o responsável por toda a criação da terra e dos demais voduns. Lisá é cria de Dangbé, a serpente da vida, e mora nos céus. É o governante supremo, que comanda todo o planeta, sendo ele o próprio SOL. É um vodun quente, austero, que vigia toda a raça humana e as condena, castigando-as conforme seus crimes contra a vida e a natureza. É um vodun velho, sem paciência, diurno, apreciando o calor e a claridade. É pai de muitos voduns e principal vodun representante do clã de Lisá. Veste o branco ao extremo, e assim como Òsáàlúfón do culto iorubá, não aceita outras cores em seu culto. Aparece adornado com jóias reluzentes, e com um cajado, com um sol em sua extremidade. Em algumas partes do Dahomey, escutamos lendas afirmando que Mawú e Lisá seriam os deuses supremos, cultuados juntos, sendo chamados de Mawú-Lisá, sendo comparado dessa forma ao grande Òlóòrún dos iorubás. Porém, outras lendas contrariam essa afirmativa, tratando de Mawú e Lisá como deuses supremos sim, porém abaixo de Òlóòrún, sendo enviado pelo próprio para governar na terra e fundar civilizações. 
Por mais que ambos os deuses andarem sempre juntos e ser impossível louvar uma divindade sem lembrar da outra, Mawú e Lisá são muito diferentes, e cada um defende um princípio e possui uma visão oposta sobre os humanos e a terra. Por este motivo que Lisá foi morar no sol e Mawú, sua esposa foi residir na lua. 
Lisá é o princípio masculino, a divindade da brutalidade e do instinto. Apesar de ir morar no sol, algumas vezes ao ano Lisá vinha a terra, para entender as necessidades dos seres humanos, para ajudá-los e corrigi-los. Nessas passagens terrenas, Lisá deixou descendentes que mais tarde seriam divinizados. Mawú nunca mais veio a terra e por esse motivo e, por ser bondosa e compreensiva, os homens sempre chamavam mais a Mawú do que Lisá e, de tanto invocar Mawú, os visitantes de Dahomey acharam erroneamente que Mawú seria o deus supremo de Dahomey, correspondente ao Deus único do cristianismo. Os Fóns acreditam que quando há um eclipse, Mawú e Lisá se encontram e, nessa ocasião fazem amor, dando origem a mais voduns para ajudarem a humanidade. 
Lisá tem muito haver com o Òsáàlúfón dos iorubás, pois da mesma forma representa a supremacia, a hierarquia e a sabedoria. Possui poucos filhos no Brasil, devido a falta de fundamentos para iniciá-lo. 
Alguns ainda afirmam, que Lisá seria o mesmo Òsáàlá (título dado aos òrísás fúnfún, na África relacionado diretamente a Òsáàlúfón), e que a diferença seria apenas a pronuncia e o dialeto, traduzindo da linguagem ioruba para o fón. 
De qualquer forma, Lisá possui muitas coisas que o difere de Òsáàlá, até por que, segundo as lendas iorubás Òsáàlá possui um gênio diferente, sendo bondoso e benevolente. Lembremos que jamais devemos confundir os Òrísás com os voduns, por mais que possuam lendas e domínios em comum.
As divindades mais conhecidas que formam o clã de Lisá são:

*Lisá Gaman- Vodun masculino velho, sendo filho de Mawú e Lisá e herdando muito a característica de sua mãe. É calmo e benevolente, olhando sempre com bons olhos para a humanidade. Usa cajado de madeira;
*Oulisá ou Olísá- vodun masculino que habita as águas oceânicas. Pertence ao panteão do trovão, regendo as águas frias e calmas. Veste branco e prateado e usa espelho e adornos de conchas;
*Lisá Lumêji- vodun masculino jovem e guerreiro. Usa alfanje e outras armas de guerra. Aprecia adornos de metais prateados, sendo muito quente e arredio. Seria esse vodun o responsável pela gravidade e pelo eixo da terra. É muito parecido com o òrísá Òsáàgíyàn dos iorubás;
*Lisá Agbajú- vodun masculino e muito velho. Tem livre acesso entre o céu e a terra sendo o portador das mensagens de seu pai Lisá. Segundos as lendas ele seria um pombo branco que leva os recados de Lisá aos seres humanos;
*Lisá Akazun- vodun masculino que faz a ligação entra a humanidade e Lisá. Ele leva a resposta das pessoas as mensagens de Lisá, fazendo o trajeto contrário ao de Agbajú;
*Lisá Aiyzú- vodun masculino, jovem e guerreiro. É mais ligado a sua mãe Mawú, e seria o responsável pelas mensagens da mesma para a humanidade. Recebe suas oferendas a noite e veste branco e prata;
*Lisá Molú- vodun masculino e velho. Seria esse vodun o responsável pelas tradições e liturgias, tendo a função de levar a cultura através das gerações, impedindo que se perca ao longo dos tempos;
*Lisá Wete- vodun masculino coligado a cultura dos Tohousu. É coberto de acnes (espinhas) não sendo iniciado em nenhum adepto. responsável por proteger as pessoas com doenças de pele;
*Lisá Gwêgwê- Vodun masculino guerreiro. Possui o gênio muito parecido com o do seu pai Lisá, sendo impetuoso e impaciente, ajudando a castigar a humanidade conforme seus erros. Veste branco e azul;

Existem diversos voduns do clã de Lisá, cada um com sua particularidade porém, sempre fúnfún, adornados de branco e prata. Dentre todos os filhos de Mawú e Lisá se destaca Nànàn, a grande rainha de Dahomey, que na terra era a principal sacerdotisa de sua mãe. Mawú e Lisá tinha como irmãos Aido Wedo e Dangballa, que representam respectivamente o arco-iris e seu reflexo nas águas, sendo enviados juntamente por seu genitor Dangbé para a terra cada um com sua função. Mawú e Lisá povoaria o planeta e criaria civilizações e Aido Wuedo e Dangballa o nutriria, sendo responsável pelo abastecimento de água, ar, e todos os demais elementos necessários para a vida na terra.
Lisá com certeza é uma divindade de extrema importância, sendo muito temido dentro da religião por seu temperamento, mas por outro lado, sendo indispensável para o cumprimento das leis e a organização da sociedade.