terça-feira, 27 de setembro de 2016

O Império de Oyó

Adeyemi I - 38° Alaafin de Oyo (1875-1905)
Foto de 1900

O Império de Oyo (c. 1400 - 1835) - em português também grafado Oió - foi um império da África Ocidental situado onde é hoje o sudoeste da Nigéria e o sudeste do Benim. O império foi fundado por yorubás no século XV e cresceu para se tornar um dos maiores estados do Oeste africano. Sua riqueza foi construída através do comércio (sobretudo de escravos) e de uma poderosa cavalaria. Foi o estado mais importante na região de meados do século XVII ao final do século XVIII, dominando não só outras monarquias da Yorubalândia mas também outras monarquias africanas, sendo a mais notável o reino Fon do Dahomé, localizado no que é hoje o Benim.
O segundo príncipe do reino Yorubá de Ifé, Oranyan, fez um acordo com o irmão de lançar uma incursão punitiva sobre os seus vizinhos do norte por estes haverem insultado seu pai, oba Oduduwa, o primeiro Ooni de Ifé. No caminho para a batalha, os irmãos brigaram e o exército foi dividido. A tropa de Oranyan não era suficientemente grande para fazer um ataque com êxito, então eles vagaram pela costa sul até chegar a Bussa. Foi lá que o chefe local recepcionou-o e forneceu-lhe uma grande serpente com um encanto mágico amarrado à sua garganta.

Oraniyan (Oranmiyan) - Fundador do Império de Oyo


O chefe orientou Oranyan para acompanhar a cobra até que ela parasse em algum lugar por sete dias e desaparecesse no solo. Oranyan seguiu os conselhos e fundou Oyo onde a serpente parou. Oranyan fez de Oyo seu novo reino e tornou-se o primeiro oba com o título de "Alaafin de Oyo" (Alaafin significa "dono do palácio" em Yoruba), deixando todos os seus tesouros em Ife e permitindo que um outro rei chamado Adimu reinasse ali.
Oranyan, o primeiro oba (rei) de Oyo, foi sucedido pelo oba Dadá Ajaká, alaafin de Oyo. Este oba foi deposto porque era desprovido de força militar e porque permitiu demasiada independência a seus subchefes. A liderança foi, então, conferida ao irmão de Ajaka, Sango, que, mais tarde, foi divinizado como a deidade dos trovões e relâmpagos. Ajaka foi reabilitado após a morte de Sango. Ajaka retornou ao trono pronto para a luta e profundamente tirano. Seu sucessor, Kori, conseguiu conquistar o resto do que, mais tarde, os historiadores chamaram de "Oyo metropolitana".
Ajaká (Dada-Ajaka) - Segundo Alaafin de Oyo
O coração de Oyo metropolitana foi a sua capital Oyo-Ile, também conhecida como Katunga, Velha Oyo e Oyo-oro. As duas estruturas mais importantes em Oyo-Ile eram o afin (palácio do oba) e o seu mercado. O palácio ficava no centro da cidade, perto do mercado do oba (Oja-oba). Ao redor da capital, havia uma alta muralha de terra com 17 portas. A grandeza das duas estruturas (o palácio e o Oja Oba) simbolizavam a importância do rei em Oyo.
Oyo cresceu com uma força interior formidável até o final do século 14. Durante mais de um século, o estado Yoruba tinha se expandido à custa dos seus vizinhos. Depois, durante o reinado de Onigbogi, Oyo sofreu derrotas militares nas mãos dos Nupes conduzidos por Tsoede. Por volta de 1535, os Nupes ocuparam Oyo e forçaram os seus governantes a refugiar-se no reino de Borgu. Os Nupes continuaram saqueando a capital, o que destruiu Oyo como potência regional até o início do século 17.
Sango - Terceiro e o mais bem sucedido Alaafin de Oyo
A chave para a reconquista Yoruba de Oyo foi um exército mais forte e um governo mais centralizado. Adotando o exemplo de seus inimigos tapas (o termo iorubá para "nupes"), os iorubas rearmaram-se não só com armaduras mas também com cavalaria. Oba Ofinran, Alaafin de Oyo, conseguiu recuperar a Oyo original do território dos Nupe. Uma nova capital, Oyo-Igboho, foi construída, e a original ficou conhecida como Velha Oyo. O próximo oba, Egonoju, conquistou quase totalmente a Iorubalândia. Depois disto, oba Orompoto conduziu ataques destrutivos ao reino Nupe para garantir que Oyo nunca fosse ameaçado por eles novamente.
Durante o reinado de oba Ajiboyede, aconteceu o primeiro festival Bere, um evento que manteria muita significação entre os Yoruba mesmo depois da queda de Oyo. E foi com o seu sucessor, Abipa, que os Yoruba repovoaram Oyo-Ile. Apesar de uma tentativa falha de conquistar o Império do Benim entre 1578 e 1608, Oyo continuou a expandir-se. Os Yoruba deram autonomia ao sudeste da Oyo metropolitana, onde as áreas não Yoruba poderiam funcionar como um divisor entre Oyo e o império do Benim. Até o final do século 16, os estados Ewe e Aja da moderna Benim foram pagadores de tributo a Oyo.
Território Geopolítico do Império de Oyó



A rivalidade entre Dahomey e Oyo.
O revigorado Império de Oyo começou incursões em direção ao sul em meados de 1682. Até o final de sua expansão militar, as fronteiras de Oyo atingiriam aproximadamente 200 milhas para o litoral sudoeste da sua capital. Encontrou muito pouca oposição séria, depois do seu fracasso contra o Benim, até o início do século 18. Em 1728, o Império de Oyo invadiu o Reino do Daomé em uma grande e amarga campanha. A força que invadiu Daomé foi inteiramente composta de cavalaria. O Daomé não possuía cavalaria, mas possuía muitas armas de fogo. Essas armas de fogo se revelaram eficazes, assustando os cavalos da cavalaria de Oyo e impedindo-lhes a carga. O exército do Daomé também construiu fortificações com trincheiras, que forçaram o exército de Oyo a lutar como infantaria. A batalha durou quatro dias, mas os Yoruba foram finalmente vitoriosos depois que os seus reforços chegaram. O Daomé foi, então, obrigado a pagar tributo para Oyo. Este não seria o combate final, contudo, e os Yoruba invadiriam o Daomé um total de sete vezes antes de que a pequena monarquia daomeana fosse totalmente subjugada em 1748.

Guerreiros do antigo Império de Dahomey


A queda do Reino de Oyó, e sua estruturação.
Muitos acreditam que o declínio do império começou em 1754 com as intrigas dinásticas e os golpes de estado patrocinados pelo primeiro-ministro Bashorun Gaha. Em 1796, uma revolta iniciada em Ilorin contra Awole (o Àláàfin, ou governante de Oyo) foi comandada por Afonjá (o Aare Ona Kakanfo, ou comandante supremo das forças armadas de Oyo). Esta revolta, que levou à separação de Ilorin, marcou o começo da desintegração do Império de Oyo, tão logo outros estados vassalos começaram a seguir o exemplo de Ilorin. Para assegurar apoio à sua causa, Afonjá recorreu à ajuda de um professor fulani itinerante chamado Alim al-Salih, visando a garantir a adesão dos iorubas muçulmanos e voluntários hauçás e fulanis do norte, levando eventualmente à destruição de Oyo Ilê pelos fulanis em 1835 e consequentemente à extinção do Império de Oyo. Enquanto isso, em 1823, o reino do Daomé realizou incursões a territórios de Oyo visando a capturar escravos para serem vendidos. Oyo, então, exigiu um pesado tributo do rei Gezo do Daomé como reparação. O rei Gezo enviou seu agente brasileiro, Francisco Félix de Sousa, para negociar a paz. Na impossibilidade de se chegar a um acordo, Oyo atacou o Daomé e foi derrotado, o que encerrou a dominação de Oyo sobre o reino do Daomé. Este, por sua vez, continuou seus ataques sobre o território de Oyo.
Após a destruição da capital Oyo Ilê, a capital foi transferida para o sul, para a cidade de Ago d'Oyo. O oba Atiba tentou preservar o que restava de Oyo encarregando a cidade de Ibadan de proteger a capital dos ataques de Ilorin vindos do norte e do nordeste. Ele também tentou fazer com que a cidade de Ijaye protegesse a capital dos ataques dos daomeanos vindos do oeste. O centro iorubá de poder moveu-se então para o sul, para a cidade de Ibadan, que havia sido fundada pelos militares de Oyo em 1830. Porém os planos de Atiba fracassaram, e Oyo nunca mais readquiriu seu poder. Em 1888, se tornou um protetorado da Grã-Bretanha. A partir de 1896, perdeu qualquer forma de poder.

Genealogia dos Alafin's de Oyo (retirada e traduzida diretamente do site oficial do Alafin de Oyo):
1- Oraniyan (Oranmiyan) - Fundador do Império de Oyó.
2- Ajaká (Dada) - Foi destronado e deposto por Sango.
3- Sango - Foi deidificado como deus do trovão e raio.
4- Ajaja - Re-instalado
5- Aganju (Agonju) - Sobrinho de Sango.
6- Kori - Restaurou o Império após a derrota de Dahomey.
7- Oluaso - Filho de Kori.
8- Onigbogi - Conduziu a evacuação de Oyo.
9- Ofiran - Construiu a cidade de Shaki.
10- Egunoju - Fundou Oyo-Igboho.
11- Oronkpoto - Especula-se que foi uma mulher.
12- Ajiboyede - Criador do Festival Bere em Oyo.
13- Abipa - 1570 - 1580
14- Obalokun - 1580 - 1600
14- Oluodo (interino)
15- Ajagbo - 1600 - 1658
16- Odaranwu - 1658 - 1660
17- Kanran - 1660 - 1665
18- Jayin - (Primeiro Awuyale de Ijebu-Ode) 1655 - 1670
19- Ayibi - 1678 - 1690
20- Osiyango - 1690 - 1698
21- Ojigi - 1698 - 1732
22- Gbaru (Baru) - (acredita-se ser uma das reencarnações de Sango) 1732 - 1738
23- Amuniwaye - Filho de Gbaru 1738 - 1742
24- Onisile - 1742 - 1750
25- Labisi - 1750 (deposto)
26- Awonbioju - 1750
27- Agboluaje - (Celebrou o Bere Festival) 1750 - 1772
28- Majeogbe -1772 - 1775
29- Abiodun - (Celebrou o Bere Festival, foi um antigo ministro) 1755 - 1805
30- Aole - 1801
31- Adebo - 1801
32- Maku - 1802 - 1830
33- Majotu - (Ilorin tomada pelos Fulanis) 1830
34- Amodo - 1830
35- Oluewu - (Queda da antiga Oyo)1833 - 1834
36- Abiodun Atiba - (Fundador da Atual Oyo, celebrou o Bere Festival) 1837 - 1859
37- Adelu - 1858 - 1875
38- Adeyemi I - 1875 - 1905
39- Lawani Agogoija - 1905 - 1911
40- Lajigbolu - Jan. 15, 1911 - Dez. 19, 1944
41- Adeniran Adeyemi II - Jan. 5, 1945 - Set. 20, 1955
42- Bello Gbadegesin - (Lajigbolu II) Jul. 20, 1956 - Dez. 20, 1968
43- Adeyemi III - (Alafin atual de Oyo e Chefe da Terra Yoruba) Jan. 14, 1971 até os dias atuais.

Adeyemi III - Atual Alaafin de Oyo (desde 1971)




Fontes: 

Bascom, William (Aug., 1962). «Some Aspects of Yoruba Urbanism». American Anthropologist [S.l.: s.n.] 64 (4): 699–709.
Poli, Ivan da Silva (abril., 2011) - Antropologia dos Orixás - Civilização Yorubá através de seus mitos, orikis e sua diáspora., ed. Três Margens.
Site Oficial do Alafin de Oyó, Oyo State - Nigeria.

domingo, 4 de setembro de 2016

O Significado da Galinha de Angola ou Capote ( Etú )

Galinha d'angola


A galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.

Diante das exigências primeiras sob a insígnia de Exu, o "senhor do mercado", os filhos-de-santo se inserem definitivamente em um sistema de obrigações e prestações, incorporando-se à estrutura hierárquica do terreiro, onde deverá realizar o bori, ou seja, a "feitura da cabeça", segundo os preceitos da vida piedosa de uma existência individualizada no candomblé, moldada pelos ritos iniciáticos.

O ritual do Orúko, ou dia-do-nome, revela a público a reprodução social do terreiro pela adesão de novos adeptos, que saem do recolhimento no runcó catulados, raspados, adoxados e com o corpo coberto de pintinhas brancas; metaforicamente renascidos, portanto, como galinhas-d'angola. Considerada um "bicho feito" na cosmologia do candomblé, a galinha-d'angola é o símbolo focal dos ritos de iniciação, elo de comunicação direta entre os homens e os deuses, ideal de plenitude da vida.

A obrigação final de ir à missa encerra o processo ritual de iniciação com uma espécie de desafio, que tem lugar no templo e no rito de outra confissão religiosa. A vindicação do sagrado sob a forma de um escândalo, marcado pela presença visível do povo-do-santo no espaço público da igreja católica, transforma-se em uma experiência definitivamente inscrita na memória dos novos iniciados. Afinal, por que o iaô tem de ir à missa?

No jogo entre a humildade e a arrogância dos iaôs em romaria, os limites identitários e o conflito deflagrado permitem uma interpretação que escapa das armadilhas espistemológicas do "sincretismo", insuficiente para explicar as transações e o engajamento conversacional estabelecido entre dois universos religiosos distintos e dialeticamente complementares no Brasil.

A galinha d'angola está presente nas mais importantes cerimônias do candomblé. Sem ela não existiria vida, já que representa o elemento primordial nos mitos de criação, o alimento de deuses e de homens, a oferenda propiciatória de axé e equilíbrio, enfim, o bicho "feito" tão à mostra que não se tinha dado a ela, até então, a devida importância.

Mas é justamente a guiné, a galinhola, a pintada, a conquém o fio condutor pelo qual adentramos os terreiros, participamos de suas cerimônias, discutimos conceitos de vida e axé e, ao fazê-los, estamos dando, com certeza, um passo importante em direção à compreensão de nossa formação social e à conseqüente afirmação de nossa identidade.

A história da Galinha d'Angola 


A Galinha de Angola era uma ave muito feia e por isso, afastava as pessoas de perto de si, mesmo sendo muito rica. Ela vivia abandonada em uma grande floresta em meio a sua riqueza.

Cansada de ser desprezada, resolveu consultar o oráculo sagrado no Palácio de Obatalá. Quando lá chegou, o Sacerdote a colocou para fora, dizendo que ela deveria estar usando um Alá branco para entrar na casa do Grande Deus Funfun. Ainda mais triste, a Galinha de Angola resolveu ir para outra floresta e de uma vez por todas, deixar de conviver perto de
tudo e todos.

Após 21 dias caminhando, a Galinha de Angola parou em uma floresta, sem saber que era sagrada (Igbodu). Lá, ela encontrou um velho maltrapilho gemendo de dores. Esse velho disse:

“Pare! estou muito doente e não tenho nada para me alimentar, me dê o que comer e beber, por favor,”!

A Galinha de Angola pegou tudo o que tinha e deu ao velho homem que, após saciar a sua fome e sede, caiu dormindo em sono profundo. A Galinha de Angola continuou preocupada com o velho e ficou ao seu lado enquanto ele dormia. Ao acordar, o velho perguntou-lhe, porque ainda estava lá, fazendo companhia para aquele velho maltrapilho.

A Galinha começou a dizer que não poderia abandoná-lo, pois ele estava precisando dela, dize sua história ao velho, falando que todos lhe achavam feia, com um aspecto repugnante e que não mais queria viver.

O Velho respondeu que o seu exterior não importava em nada, pois por dentro, ele era um dos seres mais belos que existia. Disse que aquela era uma floresta sagrada e que na verdade, ele era Obatalá. A Galinha de Angola ficou surpresa com a revelação, pedindo-lhe desculpas por entrar na floresta sagrada.

Obatalá pegou Efun e começou a pintar a Galinha de Angola, que ficou muito bonita. Além disso, Obatalá disse que, o maior símbolo para os iniciados era o Osù e modelou um na superfície da cabeça da Galinha de Angola, dizendo que, a partir daquele momento, ela seria o Animal mais Sagrado do Culto aos Òrìsàs, pois somente ela, traz o Grande Osù em sua cabeça.

Essa história é um grande ensinamento, pois mostra que não podemos julgar ninguém por sua aparência, mostra que não devemos jamais negar comida e bebida. Nossa religião oferta, ajuda e acolhe, essa é mensagem que devemos guardar.


O significado do Ovo ( Eyín)



O ovo é o principal e maior símbolo da fertilidade, utilizado amplamente nos rituais de purificação, iniciação, Borí e èbós de propiciação e defesa. Existem vários contos de Ifá relatando a grande importância do Ovo. Uma delas conta que, Òlódúnmàré/Òlóòrun (Deus) estava para dar origem ao universo, tinha num pote de barro “4 Ovos”, com o 1º ovo deu origem primeiramente a Òòrìsànlà-Òbátálà surgindo na explosão da luz sem forma quando literalmente Òlóòrun disse: "haja luz", assim Òòrìsànlà surgiu no mundo, com o 2º deu origem a Ògún a forma, o 3º deu origem a Òbálúwàiyé a estrutura, o 4º ovo acidentalmente caiu de sua mão estourando no chão revelando sua riqueza originando assim a primeira mulher universal chamada Ìyàmi-òsòróngà, expondo o segredo de sua riqueza para o grande pai, ou seja, mostrando seu poder de fertilidade e sobrenatural exposto a olho nu diante do Deus Supremo, nascendo assim, a fonte mantenedora da vida o Ovo possui três diferente cores associado as cores principais e primordiais do universo; o ovo de casca azul representando a cor preta relacionada ao “Aba” = a escuridão as trevas das profundezas da terra e mares, o ovo de casca branca relacionada ao “Iwà” = a explosão da luz, e finalmente o ovo de casca vermelha relacionada ao “Àsé” = fogo mantenedor da fertilidade totalmente relacionado ao poder sobrenatural. Seu conteúdo possui diversas características, o qual na maioria das vezes é branco, frágil e oval. Dele nasceu um novo ser, associado a idéia de que o universo surgiu primordialmente dele próprio, na forma de um protótipo do mundo. Como um filho de asas negras = ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ que foi cortejada pelo vento = ÒÒRÌSÀNLÀ-ÒBÁTÁLÀ. O ovo é uma célula reprodutora feminina dos animais chamada macro-gameta, ou seja, rudimento de um novo ser organizado, primeiro produto do encontro dos dois sexos, pelos quais desenvolve a possibilidade de existência do fato. Germe, origem, princípio. Uma imagem viva do grande mundo (O Universo), em oposição ao microcosmo (o homem). O Ovo é resultante da composição e fecundação de óvulos, possuindo 4 partes; a 1º parte é a casca que representa o útero (invólucro mítico), a 2º parte é membrana interna que representa a bolsa, placenta uterina (parede defensora), a 3º parte é a clara, matéria viscosa e esbranquiçada, do grupo das proteínas que representa o útero, a 4º parte é a gema amarela, parte intima, central e globular suscetível de reproduzir, a qual representa o feto, um novo ser engendrado preparado para nascer e autuar no que for necessário.
Iyá-Mí Osoronga e sua representação
de ave com os ovos

O mito do ovo está presente em todas as culturas antigas, entre elas a Yorubà, Polonesa, Fenícia, Chinesa, Eslava, Polinésia, Finlandesa, Hindu, Germânica, Hebraica entre outras. A força germinal contida no ovo, esta associada à energia vital com grande desenvolvimento através de èsú, motivo pelo qual, tanto o ovo como Èsú, desempenha uma função importantíssima no culto Yorubà principalmente no culto de ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ, ÒSÚN, IYEWÁ, OYÀ, ÒMÒLÚ, OSÒÓSÍ,OSALÁ e etc...
Confirmando um total culto à fertilidade, magias curativas, purificando e quebrando as forças maléficas. A gema, sangue germinal unida à clara para obter nutrientes e hidratação necessária, transformados num único ser vivo individual no interior do ovo, plagiando o mesmo processo no interior do útero, que indiscutivelmente é o mesmo processo que acontece nos rituais, numa mesma idéia de união do casal universal; Òòrìsànlà-Òbátálà e Iyémowo. Só o que no contexto do ovo, acontece mais rapidamente não existindo nenhum tipo de vinculo biológico entre a mãe e o filho, ou seja, não existe cordão umbilical. Isto explica o poder contido no ovo por si só, o qual foi um elemento criado diretamente pelo todo poderoso Òlódúnmàré (Deus), que colocou primeiramente o Ovo no mundo, logo depois surgindo dele a vida, ou seja, a ave. Por isso, o ovo é um elemento originado do criador, o símbolo mais importante representante do poder de ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ a mãe universal que necessita intrinsecamente do poder masculino de ÒÒRÌSÀNLÀ-ÒBÁTÁLÀ, o qual faz o ovo um elemento de muito Àsé (poder realizador). O ovo é utilizado amplamente nos rituais sob várias formas depois de encantados por palavras mágicas; na finalidade de neutralizar o mal, purificar a cabeça de um Iyawó antecedendo a iniciação, purificar a cabeça das que habitualmente irá receber sacrifícios no Orí, antecedendo o borí, purificar o caminho de pessoas que tem obstáculos na vida, tirar problemas de confusão, purificar uma pessoa com maus espíritos, tirar doença de mulheres e bebes tirar a Ikú das ou do caminho de alguém. O ovo e também utilizado nos rituais de propiciação; na finalidade de obter fertilidade, atrair dinheiro, produtividade nós negócios e apaziguamento de certa situação quando utilizado em èbós de seu a ÌYÀMI-ÒSÒRÓNGÀ. O ovo quando cozido não possuindo mais então é utilizado inteiro sobre as oferendas das divindades, tendo somente a função de neutralizar doenças negativas. Já quando cozido e esfarinhado misturado ao “EKURU” também esfarinhado, este tipo de comida é utilizada para espalhar sobre o solo da casa de òrìsá, na finalidade de agradar os “AYES” (espíritos que residem na terra) espantando o mal ou neutralizando as energias negativas, quando é invocado neste ritual; os AYE sob o domínio de Ìyàmi-òsòróngà, Èsú e Òbálúwàiyé, assim propiciando abundancia e prosperidade para casa.O ovo cru com seu frescor, quando utilizado inteiro em oferenda tem a função tranqüilizar e refrescar. Por isso, é comum vermos muitos ovos crus depositados no chão aos pés de certos Ajùbò (assentamentos dos òrìsas) na finalidade de atrair abundancia e proteção, fazendo todas as divindades compreenderem perfeitamente que o èbò é uma súplica de fertilidade, germinação de filhos, dependendo da atuação da Divindade, ela não só atuará no tocante a fertilidade no útero, mais também propiciaria dinheiro, sorte, saúde e desenvolvimento na vida, por ser ovo um agente naturalmente fértil. Já os ovos crus, quando “quebrando” diretamente passando na cabeça, têm a função poderosa de purificar e livrar até 80% qualquer tipo de feitiço ou qualquer outro tipo de negatividade que esteja sobre o Orí de uma pessoa. Quando num èbò ovos crus são atirados no chão ou quebrados encima do corpo de uma pessoa num sacrifício de purificação vulgarmente chamados de descarrego, é na finalidade de desobstruir os caminhos tirando as dificuldades da vida ou qualquer espírito de força contrária que esteja acoplado no corpo (obsessores). Ao ser quebrado ele revela sua riqueza e seu poder tanto sobrenatural como concreto, pois no exato momento que é quebrado, o ovo não terá mais a possibilidade de germinar, ou seja, nascer algo dele, assim num tipo de substituição ou troca matará o problema que aflige uma pessoa possibilitando o fim de algo ou de uma situação negativa. Por este motivo que o ovo cru deve ser quebrado principalmente no Òrí de uma pessoa, numa preparação da cabeça que logo depois irá levar ritos sacrifica-tórios; começando pelo 1º sangue negro o Agbo-tutu (sumo de ervas fresca) em seguida o sangue vermelho de aves ou quadrúpedes e finalmente o sangue branco do igbin (caracol) que é espremido por cima de tudo, assim purificando, possibilitando a existência da força sobrenatural, acalmando e fertilizando a cabeça que esta no momento recebendo o puro ase , com a união dos três sangues primordiais após ter sido purificada com o ovo cru, possibilitando a pessoa obter sorte, dinheiro, felicidade, fertilidade, saúde e tranqüilidade. Quando um ovo é quebrado em qualquer ritual, o nome Ìyàmi-òsòróngà é respeitosamente citada e reverenciada, porque qualquer que seja o ovo lhe pertence, como relata vários Itãn-Ifá. Quebrar um ovo na rua (atirando no chão) pela manha por três ou sete dias consecutivos, chamando Èlegbara e Ìyàmi-òsòróngà e espargindo dendê por cima do ovo cru, este, é um simples e poderoso ritual do culto de Ìyàmi-òsòróngà, o qual tem a finalidade de afastar qualquer tipo de dificuldade ou prejuízo acalmando qualquer energia avessa do caminho de uma pessoa. Como relata ifá, o ”Ovo de pato” é o símbolo da vida e umas das proibições de Ikú (morte), a utilização do ovo de pata cru, é essencial principalmente em certos rituais e seu, com finalidade de quebrar a força da morte, doença e perdas, assim uma pessoa sairá vitoriosa obtendo longevidade, saúde e ganhos. Quando cozido e esfarinhado é utilizado como agente purificador passando pelo corpo de uma pessoa em èbós de Egungun ou Onilé (para dentro da terra), também como casca e tudo é transformado a pó (seco ao sol) utilizado no igbà-Orì e assentamentos dos Òrìsá de relação com ikú Ex: Èsú, Ògún, Òbálúwàiyé, Iyewá, Òmòlú, Erinlè, Ibeji, Sàngó, Oyà, Iyémowo, Òòrìsànlà, Ajaguémó, Iroko, Obá, Onilé, Egungun e Gèlèdè. Como relata Ifá, o único Òrìsá que não possui relação com ikú é o òrìsá Òsún, por ela não aceitar qualquer relação com situação de morte, também não aceita que os animais em seu culto sejam sacrificados (mortos) encima de seu Okuta. Por motivo não admiti a utilização de qualquer utensílio de cor escura, marfim, osso, buraco, agressividade e doença, os quais possuem totais relações com a morte. Isto também explica o porquê Òsún não aceita que suas filhas morram facilmente, assim Òsún os protege dando longa-vida numa ação de prolongar o Maximo o contato com a morte, todos esses aspectos de Òsún estão relatados nos Itãns do Odu Ósé.Assim, o ovo de pata é amplamente utilizado nos “Èbós–Aiku” (sacrifício de longevidade) tirando qualquer tipo de morte, seja material, espiritual, financeira ou sentimental. Fica claro que o ovo utilizado na casa de Òrìsá é um elemento de Ìyàmi-òsòróngà sendo um utensílio de muito àsé.

Classificação dos Ovos: 


Ovo de galinha
Ovo de galinha cru – purifica e tranqüiliza. Ovo de galinha cozido – tirar doenças.


Ovo de galinha esfarinhado – neutralizar negatividade do ambiente, atrair prosperidade e abundancia.


Ovos de pata
Ovo de pata cru – enfraquece a força da morte, doenças graves e perdas.

Ovos de codorna
Ovo de codorna – Neutraliza feitiço.

Ovos de galinha d'angola
Ovo de D’angola – propicia dinheiro, sorte, prosperidade riqueza e sucesso nos negócios.

Ovos de pombo
Ovo de pombo – propicia tranqüilidade e fertilidade.



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Praça Oxum Ipondá em São Paulo

Praça Oxum Ipondá - Santana/SP

Plaqueta com o nome da praça
A praça foi inaugurada em 16/05/2011 na altura do número 145 na rua Ararima, Jd. Santana - Zone Norte de São Paulo - SP. Consequentemente também era o aniversário de iniciação do Babalorisa Júlio de Osun que estaria completando na época 47 anos. O pedido teria sido feito pelo vereador Quito Formiga do PR, e após muitos debates sobre, teria sido aprovado pela jurisdição do Estado de São Paulo pela nomeada Praça Oxum Ipondá. Incluso no pedido de lei 110/2011 onde cita que a praça é pública e social para todos.
Linda!!
Fontes: Site Oficial da Prefeitura de São Paulo;
Jornal SP Norte.
Fotos: Jornal a Gaxeta


Estátua de Oxum construída na praça


Isese - Religião Tradicional Yorubá

Jogo de Opele-Ifá (Um dos métodos de Opon-Ifá usada pelos
seguidores do Isese)

A Religião Tradicional Yorùbá (pronúncia em português = Iorubá), chamada de Isese (Ixêxê) ou Isese Lagbá, compreende as crenças originais e práticas religiosas do povo Yorubá. Sua terra natal é no sudoeste da Nigéria e nas partes adjacentes do Benin e Togo, uma região que veio a ser conhecida como Yorubaland. Durante o tráfico de escravos do atlântico foi exportada para as Américas, onde influenciou ou deu origem a formas de vida prósperas, como Santeria, Voodoo, Pallou e Candomblé. Crenças religiosas yorubas são parte de Itan, o total complexo de canções, histórias, mitos e outros conceitos culturais que compõem a sociedade Yorùbá.
Entende-se por religião yoruba a religião do povo Yoruba que tem uma forte relação entre os mundos sobrenatural o Orun e o natural o Aye a terra, que se complementam entre si. É uma religião onde o Ser Supremo é Olodumare também chamado de Olorun.
"A cidade de Ile-Ifé é considerada pelos yorùbá o lugar de origem do seus primeiras grupos. lfé é o berço de toda religião tradicional yorùbá (a religião dos Òrìṣà) é um lugar sagrado, onde as divindades ali chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem, nos primórdios da civilização. Ile-Ifé é o “Berço da Terra”." (Barretti Fº, (2003) 2012)
A semana religiosa yoruba é de quatro dias, cada dia correspondia a um elemento da natureza, chamada ossé, é dedicado a uma divindade (Ojô Osé Ifá, Ojô Osé Ogun, Ojô Osé Jakuta, Ojô Osé Obatalá).
Os Elementos: Ar, Terra, Fogo e Água.
Cada dia tem 4 Odus, num total de 16 Odus principais, que desdobrando-se entre si, perfazem o total de 256 odus.
A tradição religiosa africana no Brasil conta com diversas raízes. Uma delas é o Candomblé Ketu Yoruba ou Nagô Ketu. Esta Nação tem Chefe da Casa Real ao Orixá Oxóssi, que é o apócope de "Oxoto kan soso", o Caçador de uma flecha só. Todas as pessoas consagradas nesta Nação tem sua cabeça pintada com waji (azul) que é a cor Real de Ketu.

Iniciação na Religião dos Orisás em África

Religião Tradicional Yorubá.
É uma das religiões africana, nascida na Nigéria há aproximadamente 12.000 anos. Essa religião cultua única e exclusivamente os Orixás. Seu panteão de orixás é maior do que o panteão do Candomblé. Essa religião cultua mais ou menos 4.000 Orixás. Os principais orixás são os mesmos do Candomblé, mas alguns com nomes diferentes. Obs.: Em África não é chamada de religião, para eles é uma filosofia de vida. Todos podem se iniciar independente da religião, católicos, protestantes, muçulmanos, islâmicos, ateus e etc... Desde que esteja em seu destino.
Alguns de seus orixás
Exu, Ogun, Oxóssi, Ibeji, Egbé (orixá da sociedade, das comunidades espirituais), Ajagunmale (orixá comunicador, atua junto com Exu), Ossaiyn, Nanã Buruku (também com o nome Omolu, por ser a filha de Deus), Ajê Saluga, Oxalá, Iemanjá, Obaluwaye, Xangô, Oxun, Oyá-Iyansan, Orunmilá-Ifá, Logun-Edé, Oxumarê e etc.
Diferenças desse culto para o candomblé
  • Nomes:
Nanã atua com o nome de Omolu. E é a única divindade Fón à adentrar o culto.
  • Vestimentas dos orixás
Obaluwayê não usa as palhas o tempo todo, somente em momentos específicos, Ossaiyn as usa.
  • Saudações aos orixás
A saudação Kábiyesì (no candomblé usa somente para Xangô) pode ser usada para todos os orixás Oyá é saudada como Eparipá Odò Oya O! e Epa Heiy! (diferente do candomblé, que usa somente epa heiy!)
  • Iniciação
No candomblé, a pessoa inicia somente para seu orixá de cabeça, mas no Culto de Ifá não, a pessoa pode iniciar para qualquer orixá, e faz mais de uma iniciação, mas a primeira é de Orunmilá e depois a pessoa inicia para todos os orixás possíveis até seu falecimento.
  • A hierarquia dentro de um terreiro
No candomblé, há uma hierarquia, que vai do babálorixá ou iyálorixá até o abian, que é a pessoa que ainda não iniciou No culto não, todos têm a mesma hierarquia. e todos podem fazer diferentes funções.

Jojo de Opon-Ifá

O culto à Ifá
O Culto de Ifá é oriundo das Religiões Tradicionais Yorubás, ligado ao Orixá Orunmilá da religião yoruba. Com a ida destas culturas para Brasil e Caribe, nos períodos do tráfico negreiro, alguns sacerdotes (chamados babalawo (yoruba) e Bokono (ewe/fon).) foram levados para estes países, estando ligados às religiões Candomblé (Brasil) e Santeria através da Regla de Ocha (Cuba).
culto de Ifá é um sistema divinatório, empregado na África e nos países para onde foi disseminado para decisões de cunho religioso ou social. Utiliza três técnicas diferentes (OpelêIkins e Merindilogun), que têm em comum os Odu-Ifá, os signos.
Esse culto foi trazido ao Brasil há aproximadamente 22 anos pelo babalorixá King (Sikiru Salami), sacerdote do Oduduwa Templo dos Orixás localizado em Mongaguá - SP, que traz anualmente da África o babalawo Awodiran Sowunmi e mais 20 sacerdotes e sacerdotisas de Abeokuta, na Nigéria.

Culto de Ifá tem um rígido e complexo sistema de conduta moral relativo a seus adeptos, expresso no Odu Ikafun, onde surgem os dezesseis mandamentos de Ifá.
Os primeiros a escreverem sobre Ifá no Brasil, obras publicadas em português foram sacerdotes Umbandistas. W. W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus discípulos, Francisco Ribas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa (Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo.


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A Sociedade de Elekô - Um culto à Obá



A Sociedade de Elekô
Culto de Elekô

Do culto de Elekô, muito se perdeu com o tempo e com a opressão dos homens diante do Culto à Mulher. 

Esse é o culto da ancestralidade feminina individualizada, a grande matriarca deste Culto é a Deusa Obá, esta sociedade é considerada como justiceira, era formada por amazonas que além de cultuar as mortas, puniam os homens que eram injustos com as mulheres, defendiam a soberania feminina. 

O que Xangô representa para Egungun, Obá representa para Elerikó em Elekô. 
No culto de Elekô, temos como principal representante o Orixá Obá, esta por sua vez é a rainha da sociedade e a comandante do poder feminino, controla o poder feminino perante a politica, a justiça, a lei, a vida e ao controle da sociedade.
Em Elekô, as mulheres eram pessoas comuns ao ve - las, mas sabiam guerrear, lutar, caçar e trabalhar, são mulheres independentes, que ao foco não precisavam de homens para nada em seu culto, onde homens eram rejeitados e expulsados a entrada da sociedade, nem aos seguidores de Xango, o grande amor de Obá, não conseguiram entrar no reino, pois foi por causa de Xango que Obá criou essa sociedade, tendo como só integrantes as Yágbás, orixás mulheres, e voltado como segunda comandante sua filha Opará, muito confundida com Oxún. De todos os homens orixás que existem, chamados de Oborós, o unico que conseguiu entrar nessa sociedade foi Oxóssi, o fiel companheiro de Obá, mas não tendo integração nenhuma sobre a qual sociedade. Como um foco, Elekô é voltada as mulheres, que por varios séculos sofreram perante o poder masculino, que é representado por Oxalá e Ogún, e que ao passar dos tempos vem lutando para o poder de igualdade e de expressão, pois é a Obá que devemos oferecer as graças femininas, enquanto é a Oxun que devemos louvar, mesmo Obá e Oxun tendo suas desavenças, elas trabalham juntas para o controle do poder feminino perante ao mundo hoje.
como diz um orín de Obá " Obá Elekò a já osí" Obá a senhora do poder de Elekô, do poder feminino.

Sociedade de amazonas africanas


Orixá Obá


Oriki Iyámi Egbê (tradução)


“Mãe, proteja-me, eu irei ao rio, não permita Éméré seguir-me em casa.


Mãe, proteja-me, eu irei ao rio, não permita que uma criança


amaldiçoada siga-me em casa.


Mãe, proteja-me, eu irei ao rio, não permita que uma criança

estúpida siga-me em casa.


Ólùgbón morreu e deixou filhos atrás dele. Árégá morreu e


deixou filhos atrás dele. Ólùkóyì morreu e deixou filhos atrás


dele.


Eu não poderia morrer sem deixar filhos atrás de mim. Eu não

poderia morrer de mãos vazias, sem descendentes.”


Culto secreto à Obá em África

Erinlé - O caçador de elefantes

Orixá Erinlé


DIA: Quinta-feira
CORES: Azul-claro e branco (muitas vezes pega um tom de verde).
SÍMBOLOS: Lança (devido ser um caçador de elefantes) e uma quartinha de barro.
ELEMENTOS: Terra e água.
DOMÍNIOS Caça, pesca, a riqueza, a abundância e a inteligência.
SAUDAÇÃO: Oke Erinlé, Awa ti Wo! (Viva Erinlé, Todos te cultuam!)

Erinlé, Irinlé (do iorubá Erinlẹ), ou as vezes confundido como Oxossi, é o orixá da caça de Ijexá, onde passa um rio do mesmo nome. Erínlè quer dizer "elefante" (Erin) "na terra" (ilè) ou "terra do elefante". Seu templo principal é em Ilobu, onde, segundo Ulli Beier, dois cultos teriam se misturado: o culto do rio e o do caçador de elefantes que, em diversas ocasiões, viera ajudar os habitantes de Ilobu a combater seus adversários.
Seu símbolo, de ferro forjado, é um passaro fixo sobre uma haste central, cirundada por dezesseis outras hastes sobre as quais se encontra também um pássaro. O culto de Erinlé realiza-se às margens de diversos lugares profundos do rio, chamados ibù. Cada um desses lugares recebe um nome, mas é sempre Erinlé que é adorado sob todos esses nomes. 
Erinlé recebe oferendas de acarajé, inhames, bananas, milho, feijão assado, tudo regado com azeite-de-dendê.

O culto de Erínlè está centrado ao redor do rio Erínlè, afluente do rio Òsun, que atravessa a cidade de Ìlobùú (Ilú Òbú ou cidade de Òbú), localizada ao sul da Nigéria Ocidental, na estrada de Ogbomoso para Osogbo (situada aproximadamente 16 km a oeste de Osogbo). Ele é a divindade padroeira de Ìlobùú, um centro de comércio para o inhame, milho, mandioca, óleo de dendê, abóbora, feijão, quiabo que está em uma área de savana habitada principalmente por iorubás.
Òbú é um tipo de giz nativo (efun) comestível, usado para temperar comida. Era um dos temperos principais antes do sal, da mesma forma que o aró-àbàje (uma tintura azul comestível) é usado para temperar comidas como o ekuru aró.

Tido por alguns como filho de Ainá, Erínlè é considerado por outros como filho mítico de Yemoja e de Olokun. É um orixá caçador, pescador e um médico, por conta do seu grande conhecimento da floresta e da flora. Enquanto médico dominou, antes de Ossãe, o poder da botânica. Não é incomum para os sacerdotes de Erínlè carregarem um cajado (òsù) semelhante ao que carregam os sacerdotes de Ossãe e de Ifá devido à sua importância como curandeiros medicinais.

Ele conhece o poder curativo do Eja aro. Essa medicina nasce em Òkànràn Òfún. O peixe seco (eja aro) é conhecido na terra dos Nupes e isso é revelado pelo caminho de Òkànrànsodè descrito abaixo e na conexão entre Erínlè e o exilado rei dos Nupes.

Há muitas variações no nome pelo qual Erínlè é conhecido. Assim, ele é comumente conhecido como Erínlè dentro de Egbado, Erínlè em Ìlobùú, Enlè em Okuku.
Nas Américas, Erínlè é às vezes considerado hermafrodita, mas na terra iorubá é adorado principalmente como uma divindade masculina. Ele é pensado por alguns estudiosos como o aspecto masculino de Yemoja Mojelewu. O que parece consenso é que Erínlè mora na floresta com os irmãos Osányìn, Ògún e Òsóòsì, no cultivo com Òrìsà Oko, nas águas com Yemoja, Otin e Òsun. Sua verdadeira residência seria o ponto onde o rio encontra o oceano, onde docemente se misturam as águas doce e salgada.

Erínlè tem muitas manifestações ou caminhos, conhecidos como: Ojútù, Owáálá, Abátàn, Ìyámòkín e Àánú. É o oríkì de cada ibú que distingue entre os caminhos diferentes ou manifestações de Erínlè, como um se apresentando na sua coragem, outro como um caçador, outro ainda no poder presente na profundidade do rio. São cantados oríkì individuais a Erínlè no seu festival anual da mesma forma como também são invocados coletivamente.

O awo, ota Erínlè ou otun Erínlè, é o nome dos recipientes usados dentro do culto de Erínlè (em Okeho é adicionalmente conhecido como aawe Erínlè, onde tem uma forma totalmente diferente das encontradas em Ìlobùú e na maior parte da terra iorubá). Potes fechados que guardam pedras e água são predominantemente associadas com divindades fluviais femininas, como aqueles encontrados nos cultos de Yemoja e Òsun. O awo - ota - Erínlè é o recipiente tradicional para guardar os ota de Erínlè. Sacerdotes de Erínlè dançam em procissão como parte do festival anual de Erínlè em muitas partes de Nigéria. Para o festival, sacerdotes trazem com eles o próprio awo - ota - Erínlè para o festival no rio de Ìlobùú. Quando a possessão acontece, Erínlè dança com o awo - ota - Erínlè colocado no alto da cabeça.

No Brasil, no Candomblé Ketu, esse orixá é chamado Oxóssi Inlê ou Oxóssi Erinlé e considerado apenas uma "qualidade" de Oxóssi. 
Existe muitas confusões sobre o culto a esse orixá dentro do Brasil, Erinlé é uma divindade assim como dita acima da cidade de Ilogbú, proximo á Osogbô e Karê, e o culto a Enlê ( ou Inlê como chamamos aqui no Brasil ) as margens do rio Erinlé. 
Ainda se discutem muito sobre Ibualamo ser ou não ser um caminho de culto de Orixá Erinlé, mas ainda é muito cedo para se concluir qualquer coisa sobre, o que se pode dizer até então é que de fato Ibualamo não é uma "qualidade" de Oxóssi como é dito aqui no Brasil por muitos.


domingo, 7 de agosto de 2016

Aganjú - Divindade do magma


Orixá Aganjú
DIA: Quarta-feira.
CORES: Branco e marrom.
SÍMBOLOS: Machado com pedra de terracota.
ELEMENTOS: Fogo e terra (magma)
DOMÍNIOS Magma, vulcão, erupção, crosta terrestre, justiça.

SAUDAÇÃO: Awure Kabyiesí Agonju! (Nos dê sorte vossa majestade Aganjú!)



Aganju (Agonju) é um Orixá distinto relacionado com Xangô, Oxun e Iyansan.
Segundo a tradição de Oyó, Aganju é sobrinho de Xangô e filho de Dadá Ajaká, alafin deposto pelo irmão. Quando Xangô caiu, Ayrá tomou o trono que depois de muitos conflitos o fez deixar, Dadá Ajaká voltou à Oyó e reassumiu como o quarto alafin de Oyó. Após sua morte, o trono foi herdado por Aganju, quinto alafin de Oyó e neto de Oraniyan.
Existem muitas confusões com seu culto aqui no Brasil, pois Aganjú é um orixá distinto de Xangô assim como Ayrá, mas devido seu culto ter se perdido tanto no Brasil como na Africa, Aganjú tem sido tratado como “qualidade” de Xangô, mas deixando claro que Aganjú é distinto, pois está relacionado a ser a terra firme, ou seja, o solo, enquanto Yemonjá é a água, o mar, os lagos e rios do planeta. Em circunstancias, Aganjú é um orixá velho, sábio e muito criativo, porem ás vezes é tido como " amaldiçoado ", devido a uma encrenca que teve com as feiticeiras Iyámi - Oxorongá, tendo que ser obrigado a ficar preso a terra para sempre. Aganjú veste marrom e branco, suas contas tambem são marrom e branco, ou só marrom, usa um oxê ( machado ) e um cajado, porem no Brasil ao invés de colocar o cajado, esse apretecho é substituido as vezes pelo xére ou por um outro oxê.
Nos mitos, Aganju é às vezes tratado como uma divindade primordial, associado à terra (em oposição à água) e às montanhas e vulcões.

No Brasil, Aganju, ou Xangô Aganju é considerado uma "qualidade" de Xangô enquanto dono das leis e das escritas e padroeiro dos intelectuais, em contraste com Xangô Agodô (o Xangô mais velho, ou o Xangô propriamente dito), que é principalmente o Orixá da justiça e do equilíbrio. É sincretizado com São José (festa em 19 de março) ou São Miguel Arcanjo.

"Xangô Aganju" também representa Xangô como orixá do ar e em sua relação com a mãe Iemanjá, que por ele teria sido violentada, dando origem aos Ibejis. Nesta concepção se misturam o conceito africano de Aganju como orixá da terra e o do seu filho Orungã, o ar, que teria violentado Iemanjá e dado origem a vários outros orixás.

Lendas de Aganjú
O surgimento de Aganjú

Do consórcio de Obatalá, o céu, com sua esposa, a terra, nasceram dois filhos: Aganju, a terra firme, e Iemanjá, as águas. Da união com Aganju, Iemanjá deu à luz a Orungã, o ar, o espaço entre a terra e o céu.
Mas Orungan cresce e se apaixona pela linda e sensual Yemonjá. E da união dos dois, o ar e a água, cresce profundo amor. Mas aflita, Yemonjá um dia se desprende dos braços de Orungan e foge alucinada, desprezando a continuidade daquele amor proibido. Orungan então a persegue, mas, prestes a alcançá-la, Yemonjá se deita. O corpo então cresce e, dos seus seios fartos, nascem dois rios que adiante se reúnem, constituindo uma lagoa. Do seu ventre fértil que se rompe, nascem: Dadá Ajaká, orixá dos vegetais; Xangô, deus do trovão; Ogun, deus do ferro e da guerra; Oyá, deusa dos ventos e da tempestade; Oxun, deusa das águas doces do rio Oxun e Oxúpá, a lua.