domingo, 31 de julho de 2016

Kingongo - O guerreiro e mais sábio


Nkissi Kingongo

É o Nkissi guerreiro, lutador e mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, tem varias regência e influências rege o funcionamento do organismo, a dor que sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. A ele devemos a nossa saúde. Trata do interior, mas cuida também da pele e de suas moléstias.
Pertence a ele a regência dos cemitérios, pois é o Nkisi que vem para buscar o espírito desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele espírito. Daí sua ligação com os mvumbi (mortos), pois é ele quem vai cuidar do corpo sem vida.
Kingongo está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. É o Nkisi da misericórdia.

É o conhecedor dos mistérios da cura, das doenças do corpo e da alma e ele é o Nkisse que protege as comunidades contra as epidemias.
As suas cores são o preto e branco ou o vermelho e preto.
É dono da Segunda-feira e rege o caminho dos Nvumbis (mortos).


Nsumbu - O senhor da terra

Nkissi Nsumbu


Nsumbu é o Nkissi que faz jus em devolver à terra o que lhe pertence. É muito parecido com o Orixá Omolu dos Yorubás. É o Nkissi da terra, aquele que dá em nome da terra e tira em nome da mesma, devolve a terra o que lhe pertence, os cadáveres sepultados fazendo a decomposição deles, pois o ser humano veio da terra e para ela voltará,se esconde debaixo da terra e anda pela mesma, dificilmente se desprende dela.

As Oferendas para esse Nkissi é entregue a terra, sendo assim ele não admite erros quanto a suas oferendas e cuidados em seu assentamento não virando na cabeça de ninguém.
É um Nkissi pouco conhecido, pois na nação Angola se dedica um grande respeito e sigilo no culto a essa divindade, onde só os mais velhos participam de seu culto, escolhendo a ser consagrado sempre um mais novo de responsabilidade e de boa conduta na religião para perpetuar as suas liturgias, conhecendo um pouco dos segredos, incluindo seus rituais e festejos abertos ao público chamado de kokwana (a tradicional festa dos alimentos) festejando assim as boas colheitas, a fertilidade da terra, a saúde na comunidade e louvando os kakurukas (os mais velhos.

Quando se cultua Nsumbu é preciso estar num repleto silêncio, e perante à sua preseça é aconselhável não se gritar, pois pode enfurecer rapidamente este Nkissi. Nsumbu não aceita a desordem, a desobediência, o desrespeito e a bagunça, então é aconselhável retirar as crianças para seu culto ou então silenciá-las, pois qualquer bagunça é motivo de desrespeito para este Nkissi. É o fundo da terra, a camada espessa onde se enterra os mortos, aquela terra que consome com o corpo e adere as bactérias existentes, por isso o tatu ser um dos seus principais sacrifícios.


Kavungo - O senhor dos mistérios

Nkissi Kavungo


Divindade (Mahamba) considerado o Deus da terra entre os povos de origem Bantu!
Tradução para palavra Kavungu = Mistérios.
Ngana Kia Kavungo! (Senhor dos Mistérios).

Essa divindade de culto Bantu é erroneamente comparado com o Orisá Obaluwaye/Omolu dos Nago Yorubá.
Aqui tudo que nasce depende da terra para viver e mesmo depois é na terra que acontece a transformação enquanto a vida continua inalterada. Por tudo isso está ligado às doenças e epidemias, possui caráter vingativo e às vezes inconsequente, quando sua vontade não é atendida.
Está intimamente relacionada com os processos das epidemias, segundo conceitos Bantu, entretanto, também está sob seus domínios à cura para estes males, atuando como verdadeiros médico para as comunidades Bantu. Alguns o tem como pobre e ligado à morte, quando na verdade ele é o Senhor da terra, que a todos mantém, a todos sustenta e tudo transforma em vida.
Agem também interferindo positiva ou negativamente nas doenças da pele e dos ossos e nas emanações do corpo físico como morbidez, dores e outros males como a varíola, catapora, sarampo, sendo que muito de suas ervas sagradas atuam nas curas destes males.

Divindade ligada aos tubérculos (raízes comestíveis) e aos cereais, razão pela qual é louvado e cultuado como O Grande Senhor da Terra, devido sua importância perante a comunidade, tendo ainda sobre seus domínios muitas folhas comestíveis.
Essa divindade está intimamente relacionada com os processos de epidemias, segundo conceitos Bantus, entretanto, também estão sob seus domínios a cura pata estes males, atuando como verdadeiro médico (Kimbanda, Musaki, Ndongixi) para as comunidades Bantu.
Recebe nomes que se diferenciam de uma região para a outra, como: Malaizo, Kaviundeme, Ndunda, Kinkongo, Kaviungu e outros.
Muitas pessoas entendem que este Nkissi dependendo dos povos e regiões onde é cultuado, é disseminador de doenças, tanto epidêmicas como endêmicas, tendo o poder de quando corretamente evocados de saná-las, age também interferido positiva ou negativamente nas doenças da pele e dos ossos e nas emanações do corpo físico como morbidez, dores e outros males como a varíola, catapora, sarampo, sendo que muito de suas ervas sagradas atuam nas curas destes males.
Kavungo também pode ser chamado de Aquele que cava a terra muito fundo, por isso usa em suas mãos uma espécie de lança pontiagúda muito parecida com uma pá as vezes, pois ele usa para cavar, onde deixa enterradas os corpos mortos que encontra, és o princípio de enterrar o corpo, ,por isso a usa. Também utiliza como símbolo de que no fundo da terra é possível encontrar os metais e pedras preciosas como ouro, diamante, esmeralda e etc.
Manifestam-se diretamente no baço e atuam sobre os ossos dos seres humanos.




Manifestam-se diretamente no baço e atuam sobre os ossos dos seres humanos.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Loango - O senhor da justiça

Nkissi Loango


Loango ou Luango, é o Nkissi da justiça e também do fogo e dos raios. Apesar de ser um Nkissi muito ligado ao próprio raio em sí, Loango não é o mesmo de Nzazi. Compreendemos que Nzazi é o próprio raio em sí, enquanto Loango é também o fogo causado pelo raio e lidera a justiça. O punidor, assim como alguns povos Muxikongos chamavam. Loango é aquele que puni, a justiça lhe vale, poder não concebido diretamente a Nzazi, já que só cabe somente à Loango julgar ou inocentar alguém ou algo. Seu culto em Angola era no antigo reino de Loango, onde hoje é a atual República do Congo, seus adeptos o adoravam pelo vasto poder de fogo e assim acreditavam que Loango lhes proporcionavam o fogo para aquece-los, no preparo de alimentos e fogueiras para iluminar, porém, se não bem cultuado, acreditavam na punição sevéra de Loango, onde aconteciam incêndios, mortes por raios, fogo e explosões de vulcões.
No Candomblé Bantu Loango é saudado junto à Nzazi como já citado, e em festividades deste Nkissi, é necessário acender uma fogueira e encanta-la (assim como fazem a fogueira de Ayrá em Candomblé Nagô), e sua comida é servida quente ainda fresca para todos do Inzo (casa) e visitantes. Loango se adorna de branco e alguns detalhes em vermelho e marrom, carrega em suas mãos uma espécie de machado de um só lado e na outra uma espécie de lança que aparenta o formato de um raio. 
O poder de Loango nasce no cair de um raio, no barulho de um trovão, na bater do martelo do juiz, na justiça que acontece. E uma das coisas que mais enfurece este Nkissi é alguma injustiça acontecer, o fato de um inocente ser julgado ou um ato de covardia é com certeza aquilo que mais desagrada Loango em todos os aspectos, por isso seus adeptos devem ser sempre leais, fiéis, justos e sérios.

Loango é comparado erroneamente por muitos  com o Orixá Xangô ou também com Orixá Ayrá dos Nagôs. Ainda dentro das idéias religiosas Afro Bantu, quando em uma aldeia uma casa é atingida por um raio, a família é banida da comunidade, pois acreditam que tal fato ocorreu devido à erros graves cometidos por aquelas pessoas.
 Também é a atribuída à essa Hamba (Divindade) o sentido da justiça, de modo à punir severamente os falsos, traidores e criminosos, muitas vezes até com a morte. Essa divindade dos povos Bantu, atua com ênfase no mundo psíquico dos seres humanos. 



Nzazi - O espírito do raio

Nkissi Nzazi


Nzazi, Zaze ou Tariazazi (O Senhor dos Raios), seu nome se origina da palavra Nzazi, que quer dizer "RAIO", razão pela qual essa divindade está associada ao fogo, bem como intimamente ligada aos trovões, raios e as pedras segmentadas formas pelo choque causado pelas descargas elétricas naturais, ao tocarem o solo. Nzazi é comparado erroneamente por muitos, ainda dentro das idéias religiosas africana Bantu. Quando uma casa é atingida por um raio, a família é banida da comunidade, pois acreditam que tal fato ocorreu devido à erros graves cometidos por aquelas pessoas. Também é atribuído o sentido da justiça, de modo à punir severamente os falsos, traidores e criminosos, muitas vezes até com a morte. Nzazi o mais temido e respeitado de todos os reis, talvez estejamos diante do Nkisi mais cultuado e respeitado no Brasil. É portanto o principal tronco do Candomblé Angola do Brasil, Nzazi é o rei das pedreiras, senhor dos coriscos e do trovão, pai de justiça é o Nkisi guerreiro, bravo e conquistador, Nzazi também é conhecido como o Nkisi mais vaidoso, entre os deuses masculinos africanos. É monarca por natureza, Nzazi também é representado pela pedreira é a pedra seja ela qual for, o fogo interior da terra, a lava do vulcão é o próprio vulcão. Está presente em todos os lugares rochosos e arenosos e também muito ligado ao calor do Sol, o justiceiro da natureza, aquele que manda castigar e que também castiga. Nzazi está presente em muitos momentos importantes de nossas vidas, como por exemplo: nas decisões judiciais, na voz da prisão, na autoridade do professor, do policial, do juiz, do pai ou da mãe, tio, avô, irmão mais velho ou responsável, Nzazi é a atitude digna, a fortaleza, a decisão final, filho de Lembá, Nzazi nasceu para reinar para ser monarca e como Nkosi, para conquistar e solidificar cada vez mais sua condição de chefe. Uma das lendas que mostra bem o senso de justiça de Nzazi, é aquela que conta a história feita pelo deus do trovão. Nzazi, acompanhado de numeroso exército à frente e com o exército inimigo, seus opositores tinham ordens de não fazer prisioneiros, destruir o inimigo desde o mais simples guerreiro até os ministros. E ao longo da guerra, foi exatamente o que aconteceu, aqueles que caíam prisioneiros dos exércitos inimigos de Nzazi eram executados sumariamente sem dó ou piedade, sendo os corpos mutilados devolvidos para que Nzazi visse o suposto poder de seu inimigo. Batalhas foram travadas nas matas nas encostas dos morros nos descampados. Nzazi perdeu muitos homens, sofreu grandes derrotas, pois seus inimigos eram impiedosos e bárbaros. Do alto da pedreira Nzazi meditava, elaborava planos para derrotar seu inimigo, quando viu corpos de seus fiéis guerreiros serem jogados ao pé da montanha, mutilados, com os olhos arrancados e alguns com a cabeça decepada, isto provocou a ira de Nzazi que num movimento rápido e forte chocou seu machado contra pedra, provocando faíscas tão fortes que pareciam coriscos. E quanto mais forte batia mais os coriscos ganhavam força e atingiam seus inimigos. Levantando seu machado em direção ao céu, Nzazi gerou uma seqüência de raios destruindo os chefes inimigos e libertando os guerreiros que logo passaram a servi-lo com lealdade e fidelidade. Assim Nzazi mostrou que a justiça está acima de tudo e que sem ela nenhuma conquista vale a pena e o respeito pelo Rei é mais importantes que o medo. O elemento fundamental de Nzazi é o fogo.


domingo, 1 de maio de 2016

As nove penas de pássaros mais sagrados dentro do culto Iorubá.

Pássaros sagrados do culto Iorubá


Entendemos que, por pássaros sagrados temos um dos maiores simbolos a galinha d'angola e o pombo certo? Sim! e realmente são! Porém, quando se trata de cultos ritualísticos de onde iremos utilizar essas penas com uma forma mais objetiva e direta, utilizamos dai o que chamamos de "Eyés àtí àwo", ou seja, Os pássaros sagrados do culto. Quando se cultua energias ancestres é necessário que, esse culto seja direto mas, cauteloso e bem executado, para isso utilizamos de objetos de sacramentos que nos auxiliará nestes cultos como no caso o "Isán", uma espécie de vara utilizada pelos Olojés nos cultos à Babá Egúngúns e o "Sére nos cultos Ogbónni. É necessário compreender que, o uso de objetos de sacramentos vindo de animais são bem mais sagradas do que aquelas retirada de árvores, pedras ou metais. Neste caso temos as penas que nos auxilia em cultos ancestre como o culto à Egúngún, Iyá-Mí, Esú, Obatalá, Ogún, Orò, Ibejí, Orí e demais cultos de onde se invoca energias antigas e de antepassados coligados à nós.
Nove Penas de pássaros Sagrados mais utilizadas no culto conhecidas como:Penas Sagradas
Odidé (Papagaio da Costa ou Papagaio Cinza)

Odidé (papagaio da costa), a pena que cai do rabo é chamada Ekodidé e é utilizada principalmente nos ritos de Ifá, Iyami, Esù e Ori, afim de fazer algo sagrado, providenciar proteção contra ataque de maus espíritos, agressividade, perversidade, etc.
Como diz um Itan Ifá, “Aquele que deseja felicidade por onde quer que vá, use o Ekodidé”. É por isto que o Yawo usa o Ekodidé todo momento em reclusão, aquelas três voltas que ele dá no meio do Ile-Sire (salão de festa) simboliza suas futuras
andanças pelo mundo, é compreendido como um pedido de direção, proteção na vida e felicidade.

Lekèlekè (Garça Real)

Lekeleke (Garça real), a pena é utilizada nos ritos das Iyami, Ori e Obatala na finalidade de amparo, tranqüilidade e conforto.

Agbe (Turaco-Azul)

Agbe (Turaco-Azul), a pena é utilizada nos ritos das Iyami, Esù, Ogun e Ori na finalidade de neutralizar perversidade, atritos e atrair bons negócios.

Alukó (Turaco de bico vermelho)

Aluko (Turaco de bico vermelho), a pena é utilizada nos ritos das Iyami, Esù e Ori na finalidade de obter sorte, sucesso e proteção.

Igun ou Gunungun (Abutre/Urubu)

Igun ou Gunungun (Abutre/Urubu), a pena é utilizada nos ritos das Iyami, Esù e Ogun na finalidade de alcançar objetivos na vida, evitar separação no matrimonio ou conquistar o homem.

Owiwi Aramago (Coruja)

Owiwi Aragamago (Coruja), a pena é utilizada em ritos das Iyami, na finalidade de obter proteção contra os perversos espíritos da noite, ameaças e inveja.

Apáro (Perdiz/Codorna)

Aparo (Perdiz/Codorna), a pena é utilizada em ritos das Iyami, Ogun na finalidade de obter proteção contra perseguições, feitiçarias, evitar separação no matrimonio ou conquistar o homem.

Axáwo (Falcão)

Asawo (Falcão); a pena é utilizada em ritos das Iyami, a fim de obter proteção contra os perversos espíritos da noite, contra feitiços e inveja.
Awodi (Gavião)

Awodi (Gavião); a pena é utilizada em ritos das Iyami, a fim de obter proteção contra ataque de espíritos perversos, contra feitiços e agressão.

Odu Ejiogbê
Este Odu ensina que a coroa de Olofin é composta de dezesseis penas de ekodidé, porque era desta forma que homenageava sua própria cabeça.

Iré Ó!!

Nação Nagô-Vódun

Símbolo que junta os povos Dahomeanos com os Iorubás
(Povo Djedje-Mahí e Nagõ Ketú)


Nago-Vodun, como o próprio nome indica, é uma modalidade de candomblé com elementos conjuntos, Jeje e Ketu. Foi uma maneira criada para que as práticas complexas do ritual Jeje não se tornassem esquecidas pela força da mídia que via nas casas de candomblé Ketu, ou Nago o melhor exemplo de culto africano aqui instalado.

Oxúmarê é associado à Dan
(espirito da serpente)
Essa fusão de crenças não se deu no Brasil, exatamente. Já havia ocorrido em África. Eram povos vizinhos próximos, e nos mapas atuais podemos verificar um traçado vertical que delimitou os dois países a partir de 1885 através de um tratado político. Como conseqüência, algumas cidades nagôs ficaram localizadas em território do que é hoje o Benin, e a outra com a República da Nigéria.

Esta vizinhança permitiu um sincretismo cultural-religioso entre os dois, facilitado pelas guerras e capturas de escravos, a convivência de vida e o casamento com mulheres prisioneiras. A assimilação entre Vodun e orixá surgiu aí e foi trazida na lembrança pelo tráfico escravo.

O Jeje teve dois importantes centros, Bahia e Rio. Na Bahia, mais precisamente em Cachoeira e Salvador, a titularidade seguiu o sistema matriarcal, ou seja, sempre dirigido por mulheres, cuja denominação possuía variantes de acordo com a iniciação que seria feita. Doné, Mejitó e Gayaku, esta última com a finalidade de definir as iniciações de orixás dos candomblés Ketu, validando a expressão Nago-Vodun.

Oxóssi é associado à Otolú
(espirito da caça)
No Rio , o candomblé Jeje teve seu desenvolvimento a partir de 1874, através de Rozena de Besen, e logo depois por Mejitó, que se permitiram uma fidelidade ao princípio matriarcal de liderança. Em 1930, vem para o Rio, Antonio Pinto de Oliveira, mais conhecido por Tata Fomutin que viria a ser o precursor do Jeje-baiano, dando início a uma extensa família entre filhos, netos e bisnetos de santo. Iniciado em 1912, em Cachoeira, e como os demais baianos que aqui se instalaram, não seguiu a titularidade matriarcal, pois ele mesmo foi uma primeira exceção masculina. A denominação de Doté para definir um cargo masculino viria a ser popularizada mais tarde.



Iniciado em 1912, em Cachoeira por Maria Ogorensi, numa estrutura toda identificada com as mulheres, e por morar em Salvador, afasta-se e busca conhecimentos no Engenho Velho. Seu orukó, ou seja, seu nome iniciático era Osun Deyi , uma expressão yorubá como seria também, a de seus futuros filhos. Isto, talvez, explique a razão de seus iniciados terem orixás e orukó segundo as tradições do candomblé ketu. Fomutin teve o mérito de lembrar esta ajuda denominando seu terreiro no Rio de Kwe Ceja Násò, em homenagem à Iyá Násò, a matriarca absoluta do candomblé do Engenho Velho.

Xangô é associado à Sogbô
(espirito do fogo)
Posteriormente, tudo viria a ser corrigido após sua morte, fortalecendo o conceito do ritual Nagô-Vodun. Os filhos por ele iniciados passaram a substituir os nomes recebidos por expressões Jeje e o Orisás feitos, “assimilados” aos Voduns. E isto vem sendo observado atualmente. Pessoas iniciadas para Osoosi , com vestimentas, comidas, cores e símbolos de Osoosi, mas dizendo-se de Gagaotolu; Os um tornou-se Aziri Tobosi , mas continuou o comer o Omolokum, a usar o abebé, o adê com o chorão, uma tradição eminentemente yorubá. Omolu passou a ser Azansun. Se no original a palha-da-costa era de cor natural, passou a ser tingida de vermelho. Sangô tornou-se Badé, Sogbo ou Akorombé. Mas comendo Amalá, usando o oxê, coroa e outros símbolos do orixá yorubá.

Diante deste quadro, algumas questões são inevitáveis. Afinal, Vodun e Orisá possuem os mesmos atributos? São as mesmas divindades com nomes trocados? Já foi afirmado que os Minkisi da nação de angola seriam os mesmos Orisás yorubá com outras denominações. Seria a mesma coisa com determinados Voduns do Jeje? Acreditamos que os Voduns tenham suas qualificações e atitudes próprias, mas que diante destas “assimilações”, a identidade cultural que possuem venha sendo perdida. Esta pode ser uma idéia para investigação profunda entre os estudiosos identificados com os candomblés Jeje.

Konlonfé!!