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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Lendas de Exú - Exú e a pedra vermelha que virou mundo.


Bará Iyanguí
 Exú e a pedra vermelha que virou mundo. 

Existe um itan entre os povos nagôs que conta talvez, porque motivo Exú foi sincretizado com o Diabo pelos portugueses aqui no Brasil, e esse itan fala muito do aspecto de orixá Exú também chamado de Bará, e de suas peculiaridades talvez não muito vista pelo povo.

Quando Exú ainda era pequeno, Exú era chamado de Iyanguí. Iyangui era um menino muito esperto e brincalhão, e odiava ser rejeitado por todos pois, Iyanguí tinha uma perna só e seu rosto era deformado, então as outras crianças não queriam brincar com Iyanguí, muitos por medo, outros por repugnância. Iyanguí era alegre, porém sempre chorava sozinho pois, nenhum de seus colegas queriam brincar com ele. Sua mãe, chamada de Iyegbirú, sempre acariciava o menino com suas mãos macias e delicadas, e preparava para Iyangui uma farofa especial com o fruto favorito dele, chamado de Orô-Pupá, ou como Amêndoa de Dendê. Iyanguí se alegrava muito quando sua mãe Iyegbirú lhe fazia o prato favorito, e enchia a barriga com tamanha gulodisse que ele tinha.
Certa vez, Iyanguí foi para fora de sua humilde casinha para brincar, e mais uma vez, Iyanguí foi rejeitado pelas crianças. E Iyanguí se pôs a chorar novamente. Vendo isso, sua mãe pensou em lhe fazer um prato especial, e precisava ir à beira do vulcão para pegar uma erva para fazer um certo tempero das típicas culinárias iorubás, e se colocou a ir, mas antes, entregou à Iyanguí duas dessas pedras vermelhas chamadas lateritas-vermelhas para que se Iyanguí precisasse de ajuda, riscasse uma pedra na outra e a ajuda lhe seria concebida. Iyegbirú foi, e Iyanguí ficou ali com as duas pedras. Sua mãe demorou muito para voltar e, quando voltou, viu seu filho deitado ao pé de dendezeiro dormindo tranquilamente, então não quis acordá-lo e foi para a cozinha preparar a comida de Iyanguí. Mas, os meninos que antes rejeitaram Iyanguí viram ele dormindo e pegou suas pedras vermelhas e se esconderam atrás da casa onde Iyanguí e Iyegbirú moravam. Os menino queriam pregar uma peça em Iyanguí, dizendo que se chocasse as pedras,, sairia ouros e diamantes dela e Iyanguí seria rico. Então acordaram Iyanguí e lhe disseram que aquela pedra era muito valiosa, era mais valiosa que o próprio ouro, era mais valioso que os Kaurís ( moeda na época dos orixás hoje sendo os búzios ) e que se ele chocasse as duas pedras uma na outra, Iyangui tornaria ele e sua mãe podres de rico. Pobre Iyanguí, acreditou, e desesperadamente riscou uma pedra na outra várias vezes sem parar e enquanto isso os meninos davam gargalhadas da cara de Iyanguí. Então Iyanguí percebeu que era tudo uma farsa e que os meninos estavam mentido e pregando uma peça nele. Foi quando das pedras começou um fogo descontrolado, um fogo com tamanha força e rapidamente o fogo aumentava e consumia com fervor tudo ao seu redor, Iyegbirú vendo aquilo disse que não era para Iyanguí riscar as pedras atoa e muito menos desesperadamente, pois as pedras, continham o poder de fogo e como Iyanguí as riscou várias vezes, o fogo não parava de sair. Foi quando sua mãe num ato de desespero tentou parar a ira do fogo, mas acabou de queimando, e o fogo consumia rapidamente o corpo de sua mãe, os meninos viam tudo com arrependimento e surpresos pois, não haviam visto tamanho poder. Iyanguí gritava e chorava com dor e angústia, e no meio do fogo se jogava para encontrar sua mãe. O fogo consumiu tudo ao seu redor matando assim sua mãe e todos na tribo queimados. Nada restou, somente Iyanguí todo queimado e ferido e suas duas pedras na mão. Iyanguí tentou se livrar das pedras, mas as pedras faziam parte de sí. Então abandonado sozinho, Iyanguí se pôs a virar uma laterita-vermelha e se escondia no fogo para que jamais destruisse mais nada, e sendo uma pedra de fogo, Iyanguí não se queimaria e do mundo se isolaria.
Pedra Laterita Vermelha


Passando pela estrada estava Orúnmilá, e não acreditou quando viu toda aquela destruição carbonizada ao seu redor, foi correndo para uma caverna e abriu seu jogo de Ifá ( sistema advinhatório usado por babálawos e babás-ojés de culto iorubá e fon, funcionando como oráculo ) e viu no seu jogo que uma criança dotada de uma inteligência incrível mas de um coração cheio de mágoa, arrependimento e desprezo havia feito tudo aquilo e, que essa criança estava escondida por ali em forma de uma raríssima pedra vermelha de fogo. Orúnmilá o encontrou, e se colocou a ajudar o menino, Iyanguí estava ferido, estava com ódio de sí próprio e se julgava a todo momento, então Orúnmilá mostrou que aquilo não foi culpa dele e que Iyanguí tinha o coração puro e cheio de amor, aquilo todo não era por sua culpa. Então Orúnmilá adotou Iyanguí e lhe curou, lhe de de beber, lhe deu de comer, lhe deu abrigo e carinho. Ensinou tudo para Iyanguí e de presente, lhe concebeu o instrumento mais poderoso chamado de Opá-Ogó. Dizendo-lhe que aquele instrumento seria capaz de controlar o tempo e o vento, o futuro, o presente e o passado, seria capaz de transformar quaquer coisa em qualquer coisa, lhe faria um mágico, um feiticeiro e principalmente em um mensageiro, assim Orúnmilá concedeu-lhe o cargo de mensageiro do céu e da terra, lhe deu o direito de se teleportar de qualquer lugar para o outro e lhe deu vários dons que, auxiliaria nas funções de Orúnmilá e nas funções que exerciria no orún e no aiyê, entre eles a comunicação, a alimentação, o dom da visão, o bem e o mal, o ruim do bem, o fogo e todos quatros elementos, lhe concebendo 7 cabacinhas que carregaria pós, feitiços, segredos, enredos e fundamentos, e, por fim lhe deu nome de Exú do iorubá Èșù que significa " Esfera ", seria ele aquele que estaria em todos e quaisquer lugares do universo, seria aquele que rodaria e faria tudo andar, seria aquele que em formato de esfera, faria tudo pairar sobre ele e tudo se movimentar, seria aquele que antes de tudo, seria o primeiro, seria Exú em forma de uma esfera de fogo que todos iriam se sustentar, e dele se criaria a água, a terra e o ar, seria dele que viria todo o sustento, todo o alimento, todo o caminhar. Tudo servido à qualquer outro orixá, seria servido primeiramente à Exú, mas também conhecido como o núcleo da terra. Aquele que de uma pedra chamada laterita-vermelha criou uma grande bola de fogo e fez aos poucos, tudo nele se juntar, criando assim o princípio no áiyê. Aquele que se fez Akesán e se dividiu em nove para cada parte governar. Aquele que faria tudo por volta dele girar, aquele que de tudo participar e de tudo terá, aquele que que não define o bem do mal, somente faz jus ao que é persuasivo à evolução do mundo. Este chamado de Exú, o senhor de todos os caminhos, todas as energias, senhor que tudo come, senhor que tudo vê, senhor que tudo sente. O guardião de tudo e o mestres dos reis. Seu nome batizado de Exú, fez de Iyanguí o orixá primário.

Iyàngí ( A Laterita vermelha ) é um dos maiores símbolos do
Orixá Exú, o senhor dos caminhose do fogo

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Exú - O primeiro de todos


Orixá Exú

DIA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto e a chave.
ELEMENTOS: Quatro elementos em principal o fogo e a terra.
DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO Laroiyè Esú! (Viva Exú)

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.
Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.
Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.
Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio.
É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.
Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exú também manteve por um pequeno período de tempo como governante de Ijebú. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.
Características dos filhos de Exu
Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o maior número possível de amigos.
Rapidamente, os filhos de Exu se tornam pessoas populares, amadas por uns, odiadas por outros. Extremamente dinâmicos, os filhos deste orixá não se desanimam nunca, mantêm sempre a certeza de que as coisas, mais cedo ou mais tarde, acabam por mudar a seu favor.
Pessoas com impressionante facilidade de comunicação, boa lábia, com charme conseguem tudo o que querem. Irónicas e perigosas, costumam manter uma vida sexual bastante agitada, sem pudores. São pessoas extremamente rápidas, que não pensam: fazem.
Os filhos de Exu possuem uma facilidade impressionante para entrar e sair de confusões, são do tipo que arma a bagunça, sai ileso e ainda se diverte com as consequências. Esquecem facilmente as ofensas, não guardam rancor, mas não perdem a oportunidade de se vingar. Gostam da rua, das festas e das conversas intermináveis, comportamento próprio de um orixá que é só alegria.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O ritual de Ipadê

O ritual do Ipadê é praticado desde os primórdios pelo povo de Ketu. Por isso, com a constituição do Candomblé aqui no Brasil, este preceito não foi reproduzido nas Casas de origem Jêje. É bom esclarecer desde logo que o ritual do Ipadê, e o padê de Exu são duas coisas diferentes. O Ipadê é um fundamento da Religião direcionado para saudar os ancestrais; e o padê, é uma comida de Exu, também chamada de Muiyan-muiyan.

“Despachar Exu”, como se diz usualmente, também não se confunde com o Ipadê. O ato de despachar Exu, na verdade, atende ao princípio de que esta Divindade deve ser a primeira a ser agradada. Assim, antes do início do Xirê, ou mesmo antes dos demais Orixás serem reverenciados, Exu deve ser o primeiro a receber seus agrados, caso contrário, os praticantes podem ser punidos com as artimanhas dele. Feitas as distinções necessárias, vamos então falar diretamente sobre o Ipadê.
Esse ritual é necessário em 3 situações: quando são sacrificados animais de 4 patas para Exu; nas Águas de Oxalá e no axexê. O Ipadê só é realizado durante o dia, pois necessita da claridade natural. Portanto, seu melhor horário gira em torno de 14 às 16hs. Só é feito à noite, durante o axexê. No Ipadê, são reverenciados Exu (o mensageiro), os ancestrais masculinos (eguns), femininos (iyá mi), os esás (ancestrais importantes daquele Egbé) e alguns Orixás (conforme a tradição de cada Axé).
Os elementos necessários ao Ipadê são: uma cuia feita de cabaça (representando a cabeça de todos), a acaçá (simbolizando o corpo da comunidade), a cachaça (oti), omi (a água, capaz de acalmar e fertilizar), a farinha de mesa crua (iyefún, significando a fecundidade) e finalmente o dendê ou o limo da costa (conforme o caso).
Este ritual é essencialmente comandado pelas mulheres. No caso, a iyadagán e a iyámorô. A primeira prepara os ingredientes, sentada em frente ao Axé, enquanto a segunda dança em volta da comunheira e despacha os elementos, acompanhada pelos Ogãns que batem os atabaques e cantam as músicas especiais para esse momento. Tais músicas e rezas não são executadas em nenhum outro ritual, muito menos no xirê.
Quando o Ipadê é realizado nos trabalhos fúnebres de axexê, não são usados os atabaques, mas instrumentos especiais feitos de cabaça. Todos aqueles que participarem do Ipadê devem ter as cabeças cobertas. Os mais velhos, ficam sentados, e os mais novos, ajoelhados em esteiras, debruçados sobre os apotis. Ninguém fica parado durante o Ipadê, todos devem balançar levemente o corpo, demonstrando que enfrentam vivos aqueles rituais.
A sequência das músicas é repetida durante o preparo e despacho das oferendas, sempre por três vezes. A ordem de reverência é: Exu, Egún, Esás (alguns fundadores dos primeiros Candomblés, como Obitikô, Oburô, Akesan, Adiro, Ajadi e Akayiodê); os Orixás afinizados (Exu, Ogun, Odé, Omolu, Oxun, Oya, Iyemonja, Xangô, Lufan e Guian); as Iyá-Mi Oxorongá e finalmente os próprios membros da comunidade participantes. É um ritual lindíssimo, mas que requer atenção total, meticulosa concentração e extremo respeito, pena que o Ipadê esteja sendo renegado ao esquecimento, o requinte desse preceito litúrgico exige que o egbé (a comunidade) possua elementos com tempo de Santo e preparo suficiente para esse ofício. Em muitas Casas, os iyawôs não podem estar presentes na cerimônia do Ipadê.
A riqueza dessa tradição, antes de tudo, nos indica um ensinamento básico da matriz africana: respeito aos mais velhos e reverenciar os mais velhos (ancestrais masculinos e femininos) consiste nisso! Agradecer, agradar, ofertar àqueles que vieram antes de nós e que, por isso, construíram parte do caminho que hoje seguimos. Devemos a eles! Pedimos então sua proteção, sua licença para trabalhar.
O respeito aos mais velhos é tudo. É a razão de acatarmos a ordem hierárquica, o motivo de aprendermos a obedecer, nos talhando para posteriormente sabermos mandar. Respeitar os mais velhos é aprendermos com a sabedoria e com a experiência dos que viveram mais do que nós. É também a garantia de que no futuro seremos nós próprios respeitados e prestigiados com carinho e solidariedade.