sábado, 26 de dezembro de 2015

Kabila - O caçador e pastor

Nkissi Kabila

Kabila é o Nkissi caçador pastor. O que cuida dos rebanhos da floresta, cultuado no Brasil em candomblés de Nação Angola, e tem semelhança com o Orixá Oxóssi do Candomblé Ketu.
Kabila é um dos jinkissi nkongo, ou seja, espirito caçador e junto com ele trabalha os jinkissi Nkossi e Katendê. Seu nome significa "pastor" pois, Kabila é um nkissi do pastoreio e é aclamado pelos bantos como o senhor dos pastos. Desde gados, fazendas, sítios, campos, pastagens e vegetações rasteiras pertencem à Kabila e à ele é atribuído o arco e flecha, símbolo de caça usado por todos os caçadores na África, e também um objeto de pastoreio, uma espécie de vareta usada em pastagens para controlar os gados e animais de porte grande.
Os povos bantos na região da Angola e do Congo tem um certo carinho pelas divindades caçadoras, tanto que a região central recebeu o nome de Nkongo, onde hoje é a República do Congo. A palavra Congo vem de Nkongo que significa "caçador". Esta região recebeu esse nome devido o fato das aglomerações de cultos feitos aos jinkissi caçadores, esse culto é globalizado e chamado de Ngunzu que são as divindades pertencentes do culto aos caçadores, pastores, pescadores, agricultores, horteleiros e semeiadores. Como Mutalambo ou Mutakalambo, Kabila, Gongobila, Terekompensu, Baranguange, Nangê e etc. Entre os vários Jingunzu (Ngunzu no plural), Kabila era titulado aquele que cuidava dos pastos e campos de pastagens. Quando Mutaburungunzu, o mais velho, deixou o cargo de pastor, deu à Kabila todos os direitos e deveres de um caçador pastor, então, se fazia agrados à esse nkissi com carnes de gados como boi, cabrito, ovelha, aves e porcos. O sacramento do sacrifício pertence á Kabila, pois, ele era aquele que tinha o poder sobre animais de pastagens e fazendas, e como em todos os rituais são feitos sacrifícios de animais, usando mais as galinhas, pombos e cabritos, então se é necessário ter a permissão do nkissi Kabila para que se possa fazer o sacrificio com exaltidão sem que Kabila ou o nkissi para o qual se está dando o sacrifício não se inquizile. 
O papel de Kabila mostra o quão necessário é se manter o alimento, dando uma outra visão de caça, não aquela que se busca e se mata na hora para o alimento, mas, aquele que se mantém e guarda para que quando necessário, se terá o alimento, cuidado e bem protegido, sem a necessidade de buscar o alimento como fazem os caçadores e os pescadores. Então, assim como os agricultores e semeiadores, os pastores cumprem o papel de reservar o alimento para que se possa te-lo depois, então para isso é preciso cuidado, zelo e atenção aos gados, para que eles possam ser utilizados depois para servir como alimento, seus couros usados como tambores e roupas e seus chifres usados nas roupas e assentamentos das divindades caçadoras. Á Kabila pertence os couros dos tambores, assim como na nação Ketu e nação Jeje os tambores pertencem aos caçadores, consequentemente Orixá Oxóssi de Ketu e Vódun Otolú de Jeje. Quando se criou o primeiro tambor, Kabila utilizou de um tronco oco de tamanho extenso com um grande burado na boca, nesse buraco colocou o couro do bisão e com aquele tambor saiu pelos campos e matas tocando e batendo sem parar. Dali, várias culturas bantos aderiram os tambores em seus cultos, vendo como a música é harmônica e mexe com o corpo, alegrando suas tribos e povos nos meios de seus cultos.
No culto ao pasto, é necessário fazer-se sacrifícios á Kabila para que se haja fartura, prosperidade e bonanças no ramo. Suas cores é o verde-claro com branco lembrando as gramas e matos de pastos. Carrega um arco e flecha e uma espécie de vara usada por pastores na África, tipo um cedro. Nas cinturas, os chifres de touros junto á cabaças, lembrando seu envolvimento com Katendê, o nkissi das folhas, também lembrando o fato dos caçadores também serem feiticeiros. Sua comida favorita são carnes de gados como cabrito, carneiros e boi.


Mutalambo - O pai dos caçadores

Nkissi Mutalambo

Mutalambo, Mutak' lombo ou Muta são nomes que revelam a Natureza do caçador e a face divina de Nzambi, como provedor. Mutakalambô é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, Nkisi da fartura e da riqueza. A Mutakalambô conferido o título, Rei de toda a Floresta,  o senhor de tudo que nela existe, o dono do Ixí (Terra), Na África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes. Na história da humanidade, Mutakalambô cumpre um papel civilizador importante na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da Natureza e impor a sua marca no Mundo desconhecido. A caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Mutakalambô, Nkisi que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana, a luta pela sobrevivência. Mutakalambô é o Nkisi da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, representa o domínio da cultura, sua flecha é como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos sobre a Natureza. astúcia, inteligência e cautela são os atributos, pois como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. É o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição, essa divindade é responsável pela manutenção da tribo e ainda tem a função de manter a vigilância noturna nas aldeias garantindo-lhes a segurança. Está ligado a abundância de alimentos no Nzo, proporcionando a fartura, a alimentação, a bem-aventurança financeira do Mona Nkisi e da clientela. Filho de Mikaia e Lembá,irmão de Njila e Nkossi pai de Terekompensu e esposo de Ndandalunda é o deus da caça e vive nas florestas, onde moram os espíritos dos antepassados. É considerado o pai da ciência e de tudo que envolve descobrir e progredir. Tem a virtude de dominar os espíritos da floresta. Na África era a principal divindade, onde era conhecido pelo nome de um valente caçador de grandes animais. Conduziu sje eu povo a guerra e os ensinou a arte de guerrear, permanecendo até hoje como um grande caçador. Ocupa um lugar de destaque nos Candomblés em Salvador e no Rio de Janeiro, hoje em todo Brasi. Mutakalambô é o único Nkisi que entra na mata da morte, joga sobre si um pó sagrado, avermelhado, que passou a ser um de seus dotes. Este pó o torna imune à morte e aos Nvumbes. Sendo ele um Rei, carrega um espanta moscas que só era usado pelos Reis Africanos, pendurado no saiote. 
Suas cores podem ser o verde-escuro com vermelho ou o azul-turquesa e seus fios é o verde-escuro podendo intercalar com o vermelho ou não, isso depedende de Nzo para Nzo.


terça-feira, 24 de novembro de 2015

Xauê - O patrono dos guerreiros

Nkissi Xauê

Nkisi Xauê ou Nxae é a divindade patrona dos Jinkissi guerreiros. Divindade cultuada na Angola no leste de Loanda e no sul de Mukongo. Xauê é velho e grosseiro, tido para muitos o verdadeiro Nkissi da guerra e das contendas, sua força emana embates e lutas das quais matam povos e muito sangue é derramado. Esse Nkissi foi deixado um pouco de lado depois da diáspora negra devido muitos dos seus adeptos terem sido mortos e escravizados, e muitos sacerdotes desse Nkissi eram velhos que para o senhores de terras não faria serventia alguma, então foram mortos ou espancados até a morte.
Xauê é muito agressivo, então muitos pais e mães de santos da nação Angola preferem não iniciar ninguém para este Nkissi, fazendo no lugar um Nkissi mais próximo e um pouco mais benevolente, este sendo Nkossi ou Mavambo, assim, durante os anos, muitos foram perdendo a verdadeira forma de culto deste Nkissi por medo de sua fúria e destruição vasta, e substituindo as pessoas desse Nkissi por Nkossi, fato que Nkossi ficou mais conhecido do que Xauê, o qual poucos escutam falar. Mas, ainda é possível encontrar rezas e zuelas (cantigas de louvação) à essa divindade, e muitos ainda iniciam este Nkissi na cabeça de pessoas, tendo o conhecimento ainda arcaico dessa divindade para de haver ainda um culto à ele.
Na mitologia Bantu, Xauê é o grande patrono dos guerreiros pai de Nkossi e Nangê que foi casado com Mikaia e mais tarde com Nzumbá tendo um filho com ela chamado de Katú. Sua personalidade arredia e agressiva lhe valeu o apelido de valentão, e muitos temiam a força de Xauê por sua brutalidade e braveza, então Xauê era muito solitário por ser muito esquentado, assim ninguém beirava e ninguém ousava desafiar Xauê. Certo dia foi desafiado por Karamose, a Nkissi do poder feminino e da guerra, Xauê ficou irritado e ousou desafiar Karamose para o embate, diferente do que muita gente pensam, Xauê perderia o combate, vencendo somente com o auxílio de Nkossi, onde se tornou excepcionalmente o senhor da guerra. Há uma certa semelhança com a lenda yorubá do embate de Ogún com Obá, onde Ogún venceu de Obá com a ajuda de Exú, mas neste caso, venceu com a ajuda do próprio parceiro de campo chamado de Nkossi sem o envolvimento de Njila que seria o Exú para os bantus.
A cor de Xauê é vermelho lembrando o fato de se banhar de sangue, e suas vestimentas também são o vermelho com o verde-escuro ou azul-marinho, usa duas espadas e carrega uma lança nas costas, quando manifestado se comporta de forma agressiva e não pode ser a nenhum momento questionado ou tocado de forma agressiva ou desrespeitosa, caso isso ocorra, este Nkissi se inquizila de imediato e a pessoa em prol é castiga com um acidente de trânsito ou atacado por armas de fogo ou branca, de forma que não fique vivo ou com fortes sequelas no corpo, Xauê não visa que castiga, este castigando até o próprio sacerdote ou sacerdotisa da pessoa na qual imcorpora.
Suas atribuições culinárias é com muito azeite de dendê e peincipalmente inhame, e só pode ser acalmado com mel.


Nkossi - A guerra e a forja

Nkissi Nkossi

Nkisi Nkosi é derivado da mesma família como Nkondi, mas está diferentemente composto é usado pelo Nganga durante a iniciação de noviços. O termo Nkosi se refere a o leão, Nkisi de Kongo Ocidental, Nkosi um ser grande é o Nkisi das contendas, Nkisi da guerra, rege as lutas, batalhas, brigas, divindade masculina dos povos Bantu.
Nkosi é um grande guerreiro e também habilidoso ferreiro, é filho de Mikaia e irmão de Njila e Mutakalambo, o Nkisi da caça. Nkosi vive nas estradas, sendo o próprio caminhar das pessoas, protegendo-a nas ruas, estradas e trilhas da vida. Protege também a entrada dos Jinzo (casas no plural, Nzo= Casa) de nação Angola e Congo juntamente com seu irmão Njila, e protege também as entradas das florestas onde mora juntamente com seu irmão caçador Mutakalambo, sendo assim então um chefe da guarda alta de casas, templos e matas em geral. 
É o Nkisi do ferro, dos ferreiros e de todos que utilizam esse metal, força da natureza que se faz presente nos momentos de impacto e nos momentos fortes. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Nkosi, considerado como um Nkisi impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil e amável, é a vida em sua plenitude. Os lugares consagrados a Nkosi ficam ao ar livre, na entrada das casas e terreiros, geralmente são feitas em forma de bigorna junto às árvores. Nkosi é representado também por franjas de palmeira ou dendezeiro desfiadas, que penduradas nas portas ou janelas, representam proteção, cortando as más influências e protegendo contra pessoas indesejáveis. O culto a Nkosi é bastante difundido tanto no Brasil quanto na África, sem sua permissão e proteção, nenhuma atividade útil, tanto no espaço urbano como no campo poderia ser aproveitada. Deve ser invocado logo após Pambu Njila ser encaminhado a porta abrindo caminho para os outros Minkisis (Deuses). Como na África ele é representado por sete objetos de ferro pendurados em uma haste de metal, a importância de Nkosi vem do fato de ser ele um dos mais antigos dos Minkisis, e também em virtude de sua ligação com os metais e aqueles que os utilizam. Nkosi como personagem histórico, teria sido o filho de Nzambi Mpungu, um dos mais velhos, era um temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra várias Cidades e as destruiu. saqueou e devastou muitos outros Estados e apossou-se das Cidades, matou vários Reis e Comandantes, em uma dessas Cidades Nkosi instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Rei. Por razões que ignoramos, Nkosi nunca teve o direito a usar uma coroa feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de missangas, dissimulando o rosto, emblema de realeza, foi autorizado a usar apenas um simples capacete de metal, e isso lhe valeu ser como um soldado, até hoje sob o nome de "Nkosi o Rei Guerreiro, conhecido no Brasil" pelos descendentes da Angola trázidos para esses lugares. Nkosi teria sido o mais enérgico dos filhos de Nzambi Mpungu, Nkosi decidiu depois de numerosos anos ausente, voltar para visitar seu filho. Infelizmente as pessoas da Cidade celebravam no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto, Nkosi tinha fome e sede, viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios. Ninguém havia respondido às suas perguntas, ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo. Nkosi cuja paciência é pequena, enfureceu-se com o silêncio geral por ele considerado ofensivo, começou a quebrar com golpes sabre os potes, logo depois sem poder se conter passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas como cães e caramujos, feijão regado com azeite-de-dendê e potes de vinho de palma. Enquanto saciava a sua fome e a sua sede os habitantes da Cidade cantavam louvores onde não faltava a menção. Satisfeito e acalmado, Nkosi lamentou seus atos de violência e declarou que já viveu bastante, baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora. Antes de desaparecer entretanto ele pronunciou algumas palavras. Essas palavras ditas durante uma batalha Nkosi aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou, porém elas não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois se não encontrar inimigos diante de si é sobre o imprudente que Nkosi se lançará. Como Nkisi, Nkosi é o deus do ferro dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores, desde o início do século, os mecânicos, os condutores de automóveis ou de trens os reparadores de velocípedes e de máquinas de costura vieram juntar-se ao grupo de seus fiéis. Nkosi é único mas diz-se que ele é composto de sete partes, frase que faz alusão às sete aldeias, hoje desaparecidas que existiriam em volta das Cidades. O número 7 é pois associado a Nkosi e ele é representado nos lugares que lhe são consagrados por instrumentos de ferro em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha, símbolos de suas atividades.


Vangira - A senhora da sexualidade

Nkissi Vangira

Vangira ou Va-Njila é o lado feminino de Nkissi Pambu-Njila. Ela representa a sexualidade feminina e para os Bantus, representa também a fertilidade feminina e a menstruação. É uma Nkissi que atua também junto à Kissimbi, Mikaiá e Dandalunda, então se liga as águas e também ao fogo como seu masculino Njila. Dizem alguns que na verdade Vangira é o Nkissi Njila disfarçado de mulher para se manisfertar na cabeça das mulheres, pois, segundo os Bantus, Njila não se manifesta na cabeça de mulheres, este Nkissi sendo substituído por Vangira.
Em terras angolas, Vangira era cultuada ao lado de Njila em Benguela e também em Loanda, onde hoje seu culto está praticamente extinto. Quando se houve a diáspora negra no século XVI, muitos dos seus adeptos na Angola foram mortos e sentenciado a serem escravos devido o fato de Vangira ser simbolizada como uma mulher nua com seios fartos e bunda farta, sua vagina que é seu maior símbolo é destacado aberto e saindo dele sangue simbolizando a menstruação da mulher, e seu corpo é de uma cintura fina com quadril largo e extenso simbolizando a fertilidade feminina. Quando essa imagem foi mostrada para os europeus, eles associaram ao diabo como forma feminina, sendo Njila a forma masculina do diabo já que é simbolizado por uma estatueta com o pênis ereto. Isso para os europeus cristãos estava totalmente ligado aos pecados da Luxúria e da Gula, já que Njila é um Nkissi que come muito, foi assim automaticamente associado ao diabo da crença cristã. Como na África, Vangira era louvada ao lado de Njila, então recebia também o nome de Pambu-Njila, consequentemente quando esse culto veio para o Brasil, alguns adeptos tentaram salvar os cultos da antiga terra de onde se originaram, então juntaram à outros povos que também queriam salvar alguns de seus cultos, e dentro de suas Senzalas onde chamavam de Nkongá (Templo), iniciou-se os primeiros cultos de Mbanda para o resgate de antigos costumes afroangolano e afronigeriano. Com o tempo, esse costume foi se adaptando, e Pambu-Njila começou a ser reverenciado também as imagens de sexologia brasileira como homens e mulheres, onde se originou também chama-los de Pambu-Njilas, com o tempo passando e esses costumes secretos se propagando, foram sendo alternados e modificados para uma forma mais aceitável pela igreja católica, então o nome foi mudado para Pombagira e os homens sendo chamados de Exú, já que alguns adeptos da Nigéria se juntaram aos angolanos nas Senzalas. Assim se iniciou o princípio do princípio da religião onde hoje é conhecida popularmente como Umbanda (Mbanda ou Ngbanda que significa Magia, ou o ato de se fazer magia).
Vangira então ficou praticamente esquecida tanto em Angola como aqui no Brasil após essa adaptação de cultos e ritos, assim, foi se perdendo ao longo dos tempos até ter sido praticamente esquecida até mesmo pelos povos da nação Angola e Congo. Hoje algumas casas tentam resgatar esse culto à parte de Njila pois, é uma mulher da fertilidade, então alguns Tatás e Mametos se viram na necessidade de recuperar os cultos profanos de Vangira. Esta sendo totalmente modificada ao longo dos anos.


Aluvaia - O primeiro dos Jinkissi

Nkissi Aluvaia

Aluvaia, o primeiro dos Jinkissi e o mais velho de Nkossi. Aluvaia é o grande mensageiro dos Jinkissi, levando as mensagens dos homens para as divindades e vice-versa. Aluvaia funciona como aquele que serve de intermediário para os dois mundos, então ele não para, sempre em movimento, correndo e agindo. Contam os mais antigos que à esse Nkissi que se deve o fato de se fazer a Kizomba (festa) no Nzo (casa), pois, é graças à Aluvaia que uma festa acontece, ele procede o que lhe é ofertado e se for de bom agrado, ele faz com que toda a festa ocorra nos conformes protegendo o barracão de mal-feitores, bandidos, invejosos, animais perigosos e espíritos zombateiros. Para Aluvaia se deve o fato então, de sempre lhe ofertar a farofa com dendê e pimenta que lhe é entregue jogando em três montinhos na rua em frente ao barracão, assim se oferece de Aluvaia para Njila, o guardião dos caminhos.
De Aluvaia se originou todos os Jinkissi do caminho, como Mavambo, Njila, Vangira, Mavu, Maviletango, Bombo e etc..., então sempre se refere à Aluvaia o começo da festa, em seguida seu amigo inseparável chamado de Nkissi Pembá.
Aluvaia é então o senhor dos caminhos,ruas e encruzilhadas .É um Inkisi difícil de ser definido de maneira coerente. Ele gosta de gerar disputas e provocar acidentes. É grosseiro, vaidoso, indecente, a tal ponto que os primeiros missionários, assustados, comparam-no ao Diabo. A presença de ALUVAIÁ esta no membro ereto do macho, na penetração da fêmea, na ejaculação, na primeira célula que está em formação, na paixão, no desprezo, no engano, na dor, no consumo de álcool e tóxico.
Porém, ALUVAIÁ possui o lado bom e, se êle é tratado com consideração, reage mostrando-se servisal e prestativo. Se, ao contrário, esquecerem de lhe oferecer sacrifícios e oferendas, podem esperar catástrofes. Desta forma, revela-se o mais humano dos Inkisi, nem completamente mau, nem completamente bom.
Històricamente, ALUVAIÁ teria sido um dos companheiros de KUKUALUNGÁ, princípio feminino, quando da sua chegada a BENGUELA, e chamava-se NZILÁ. Tornou-se mais tarde, um dos assistentes de KASSUMBENCA ( SENHOR DA ADIVINHAÇÃO), que preside a adivinhação pelo sistema de NGOMBO ORACULO  e rei de ANGOLA  sob o nome de PAMBU NJILÁ SENHOR DOS CAMINHOS
Como Inkisi, diz-se que ele veio ao mundo com um porrete, chamado OGÓ, que teria a propriedade de transporta-lo, em algumas horas, a centenas de quilômetros e atrair, por um poder magnético, objetos situados a distâncias grandes. ALUVAIÁ é o guardão dos templos, casas, cidades e das pessoas e serve de intermediário entre os homens e os deuses. Por esta razão é que nada se faz sem ele e sem que oferendas lhe sejam feitas, antes de qualquer outro Inkisi, para evitar suas tendências a provocar mal-entendidos entre os seres humanos e em suas relações com os deuses e dos deuses entre si.

Pambu-Njila - O senhor dos caminhos

Nkissi Pambu-Njila

Pambu-Njila é o senhor dos caminhos. Na Mitologia Candomblé Angola Bantu, Pambu significa encruzilhadas e Njila  significa caminho, Pambu Njila é um Nkisi, intermediário entre os seres humanos e outros Nkisis, o senhor do caminho e dos começo, guardião das aldeias que tinha seu culto, geralmente nas suas entradas. A pronuncia Pambu Njila,  podemos dizer: só fale comigo se realmente estiver certo do que quer, Nkisi mensageiro entre os homens e as divindades, um Nkisi considerado guardião e pai, tem seu lado agressivo e ao mesmo tempo gentil e passivo. Pode ter matado um pássaro ontem com uma pedra que jogou hoje. Ele é encarregado de zelar pelos caminhos da vida humana e responsável pela evolução dinâmica. Pambu Njila é o principio de tudo a força da criação, o nascimento, equilíbrio negativo do Universo. Ele é a célula, mantem a geração da vida o que gera o próprio infinito, quantas vezes precisar. É considerado primeiro, o primogênito, responsável e grande mestre dos caminhos, o que permite a passagem o início de tudo. Pambu Njila é a força natural viva que fomenta o crescimento, o primeiro passo em tudo o gerador do que existe do que existiu e do que ainda vai existir. Ele está presente mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. A capacidade dinâmica de tudo que tem vida, principalmente dos seres humanos que carregam em seu plexo, elemento dinâmico denominador. O elemento de Pambu Njila é o fogo (Tubia) divindade que conhece todos os atalhos, todos os caminhos e está com seu filho em todos os lugares que ele possa ir, não há portas fechadas para essa divindade. Esse Nkisi está ligado diretamente a todos caminhos, estradas, fronteiras, ruas, vielas, becos, encruzilhadas, atalhos, subidas, descidas, enfim, está em todos os movimentos de ligação de ir e vir, de mudanças novos rumos. Pambu Njila é um Nkisi respeitado e sempre será o primeiro à ser louvado e homenageado, recebe homenagens e louvações, primeiro que qualquer outro Nkisi, ele quem guarda, Dibitu (porta) do Nzo e também tem a função de avisar a outros Nkisis, que as cerimônias religiosas terão seu início. Pambu Njila é filho de Mikaia e irmão de Nkosi e Mutakalambô. Dos três é o mais agitado, capcioso, inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre, é aquele que inventa histórias, cria casos. Em uma de suas muitas histórias podemos entender exatamente sua capacidade inventiva, sua conduta maquiavélica e sua maneira prática de resolver seus assuntos e saciar seus desejos. Assim é Pambu Njila, senhor dos caminhos pai da verdade e da mentira, o deus da contradição, do calor, das estradas, do princípio ativo de vida, o mestre de tudo e nada.

Mavilutango: Responsável direto pela ordem do barracão, é o que recebe realmente a maica, a ele saudamos e pedimos a segurança do portão, para um bom andamento do Kizomba (fésta). Quando dizemos que despachamos, não é Mavilutango que estamos despachando e sim, estamos o enviando a nossa porta para segurar as brigas, os invejosos, espíritos perturbadores, e etc. Muitos usam o termo vou despachar Exú ou Mavilutango, o que na verdade seria vou despachar a porta e lá deixar Mavilutango, fiscalizando e neutralizando todas as Kizilas. É impossível afirmar que se trata da vibração, da força que interliga o Ixí (Terra) e Duilo (Céu).



Mavambo - O grande guardião

Nkissi Mavambo

Mavambo é um Nkisi cultuado em muitos Candomblés Angola e Congo como guardião dos caminhos. Esse Nkisi é uma Divindade que gosta de andar, não fica por muito tempo parado, é um Nkisi que acompanha Nkosi nas estradas e florestas, esta envolvido com a paz, mas para que a paz reine na comunidade, ele tem que lutar contra o individuo obsessor que esta tirando a harmonia da comunidade.
 
Segundo alguns candomblecistas, Mavambo é conceituado como o senhor do barro, um conquistador. É acreditado ter-se originado dos sonhos de Nkosi quando em suas andanças, Nkosi parava para descansar, dormir, onde nasceu um montículo de barro por baixo da cabeça de Nkosi. Pela manhã ao cantar do galo três vezes, nesse mesmo monte, a cada dia surgia um Mavambo com o proposito de vigiar os caminhos dominados por Nkosi.

Mavambo foi fonte de estudos do Sergio Adolfo, mas não sendo muito feliz por conta da escarces de fontes bibliográficas, não encontramos nada em seus estudos relacionado ao Nkisi Mavambo. Mas pesquisando sobre os povos do grupo Ambó ou Ovambo, povo esse de origem Bantu, encontro na palavra Ovambo uma semelhança na fonética com a palavra Mavambo, mas a coincidência não para por ai, ela também adentra tanto pela historia desse povo quanto na historia do Kongo.  

O grupo Ambó ou Ovambo ocupa um extenso território ao sul de Angola. De acordo com CARLOS DUARTE, a origem do termo “Ambó” perdeu-se no tempo, mas, foram designados pelos Donga, os “Ova-Donga” (povos localizados a norte da Namíbia), que a forma correta do termo “Ambó” é “Ova-Mbo”, que foi sofrendo alterações até chegar a Ambó. Entre as suas populações, os Ambó da região da Angola, o subgrupo que mais se destaca, é o Kwanyama (Cuanhama) e o Kwamatwy (Cuamatui), pelo valor de guerreiros e pelo poder econômico adquirido. 

A família Ambó (Ova-Mbo), ou seja, os subgrupos do lado da Namíbia (antigo sudoeste africano) se encontram os Kwambi, Onga, Gandgela, Lolocktsy Gunda e Kwaluty; os do lado da Angola encontram os Kwamatwy, Dombola, Evale, Kwanyama e Kafima.

Mesmo que o grupo Ovambo seja descartado por muitos leitores, como origem da palavra Mavambo ou sendo os povos que cultuaram a Divindade Mavambo, decidimos prolongar, acrescentamos a palavras MAVU, cujo significado é barro ou terra, que encontramos no Dicionário Kimbundu-Português da Fatima Katulembe, como uma das origens. Pois essa palavra é facilmente encontrada nas Mimbu desse Nkisi.
A palavra Mavambo, como pode observar a sua fonética, é muito próxima da palavra Ovambo do grupo Ambó ou Ova-Mbo. E decidimos analisar se sua origem também possível encontrar na cultura Kongo e estudarmos a origem da palavra Mavambo nesse território de linguagem totalmente diferente as do povo Ova-Mbo, cuja linguagem é o Kikongo, para chegarmos á uma conclusão, se descartamos ou não, o conceito de Ova-Mbo ser uma das principais origens da palavra Mavambo.

No Reino do Kongo, é encontrado títulos de chefes, eles são Mani, Ntotila, Mwene e Ntinu, mas aqui focaremos apenas no titulo Mani como proposito de nossas pesquisas.

Segundo Patrício Batsikama “no pensamento Kôngo, o Senhor de Mbânza- Kôngo é, antes de mais, um chefe, representante dos Ancestrais e eleitos pelos Makôtas mais velhos” (2010: p;106,107).

De acordo com Batsikama, MANI deriva de:
mânika: estender, pôr no teto, pôr cima ou expor algo a vista (dos clientes, por exemplo); mânina: findar, esgotar; mânisa: terminar, acabar uma obra, acabar completamente uma obra.

O titulo Mani indica que o seu portador é um chefe, uma pessoa indicada a resolver os problemas jurídicos da comunidade ou qualquer outro problema dos cidadãos da comunidade e representante dos ancestrais que são um dos principais governante da comunidade.

De acordo com Jan Van Wing (citado por Patrício Batsikama) escreve no seu livro Etudes Bakongo I que, até no século XIX, os Ambundu vinham resolver os problemas jurídicas e/ou outras discussões em Mbâzi’a Nkânu, a capital do NTÔTIL’A KONGO (2010: 107). 

No Kongo é comum ajustar as partículas MA de MANI ou NE de MWENE, ao nome da aldeia com o proposito de se conhecer o responsável pelo território. Como por exemplo: Mani-Soyo, Mani-Mpumbu, Mani-Kongo e etc.

Segundo Itana Mutarere, fez um resumo (na integra) de suas pesquisas sobre Mani Njila e Mani Kongo, contidas no livro do Tata Nkasuté, Estudos da Mitologia Bantu, pág 34 a 36.

“MANI NJILA – Senhores dos Caminhos. No Reino de Matamba e nas regiões próximas, quando os grupos viajavam em busca de caça ou melhor habitat, dois Chefes eram designados para cada grupo. Um seguia na frente ( o Mussenga) e o outro na retaguarda (o Kikinda); ambos levavam pós, ervas, amuletos, com os quais encantavam as feras protegendo o grupo. Tinham como hábito religioso fazer colares de ovos de perdiz, os quais eram confeccionados sob grande feitiço para lhes aumentar a coragem. Aquele que encontrava um coelho, uma lebre, uma codorniz, ou qualquer outro animal tímido no caminho, era promovido naquela campanha. Além disso, podia usar um tapa-sexo confeccionado com o couro do animal e enfeitar-se com as penas. Suas armas mais poderosas eram o feitiço, venenos nas setas de suas flechas, alfanjes, facas e lanças de ferro.

KONGO NJILA – títulos reservado aos grandes guerreiros do Kongo. apresentavam-se nus, porém os mais aguerridos usavam peles das feras que dominavam e enfeitavam-se com lindas penas de aves de bom augúrio. Muitos eram horrivelmente deformados e pintados. Suas armas eram: arco e flexas, espadas, facas, alfanjes de ferro ou madeira e grandes escudos. A destreza na luta, a disciplina e extrema coragem garantiam a proteção do Mani-Congo”.

Como podemos observar nos parágrafos referentes ao titulo de MANI, no Reino do Kongo, nos leva a uma porcentagem maior do povo Ova-Mbo ser uma das origens do Nkisi Mavambo, principalmente o paragrafo explicando o ajustamento das partículas MA de MANI, onde podemos observar essa partícula ajustada na palavra Mavambo, e os parágrafos resumidos pela Itana Mutarere sobre Mani Njila e Kongo Njila, que fortificou mais a sua origem.

Mavambo = Ma-Vambo = Mani-Vambo = Ova-Mbo = O Senhor do Caminho que liga os povos Ova-Mbo aos povos do Kongo, ou seja, o Senhor do Caminho que liga Angola a região Kongo.

Mavambo é conceituado um Nkisi dos caminhos, guardião das aldeias e caminhos, com forte ligação com os Ancestrais e Antepassados, está ligado ao fogo, ao barro, a terra, principalmente com Mukumbi. Também é detentor do poder jurídico, da guerra e da caça.


Lissá - O deus sol

Vódun Lissá

Lissá seria um dos principais deuses da liturgia Fón. Juntamente com Mawú, sua esposa, é o responsável por toda a criação da terra e dos demais voduns. Lisá é cria de Dangbé, a serpente da vida, e mora nos céus. É o governante supremo, que comanda todo o planeta, sendo ele o próprio SOL. É um vodun quente, austero, que vigia toda a raça humana e as condena, castigando-as conforme seus crimes contra a vida e a natureza. É um vodun velho, sem paciência, diurno, apreciando o calor e a claridade. É pai de muitos voduns e principal vodun representante do clã de Lisá. Veste o branco ao extremo, e assim como Òsáàlúfón do culto iorubá, não aceita outras cores em seu culto. Aparece adornado com jóias reluzentes, e com um cajado, com um sol em sua extremidade. Em algumas partes do Dahomey, escutamos lendas afirmando que Mawú e Lisá seriam os deuses supremos, cultuados juntos, sendo chamados de Mawú-Lisá, sendo comparado dessa forma ao grande Òlóòrún dos iorubás. Porém, outras lendas contrariam essa afirmativa, tratando de Mawú e Lisá como deuses supremos sim, porém abaixo de Òlóòrún, sendo enviado pelo próprio para governar na terra e fundar civilizações. 
Por mais que ambos os deuses andarem sempre juntos e ser impossível louvar uma divindade sem lembrar da outra, Mawú e Lisá são muito diferentes, e cada um defende um princípio e possui uma visão oposta sobre os humanos e a terra. Por este motivo que Lisá foi morar no sol e Mawú, sua esposa foi residir na lua. 
Lisá é o princípio masculino, a divindade da brutalidade e do instinto. Apesar de ir morar no sol, algumas vezes ao ano Lisá vinha a terra, para entender as necessidades dos seres humanos, para ajudá-los e corrigi-los. Nessas passagens terrenas, Lisá deixou descendentes que mais tarde seriam divinizados. Mawú nunca mais veio a terra e por esse motivo e, por ser bondosa e compreensiva, os homens sempre chamavam mais a Mawú do que Lisá e, de tanto invocar Mawú, os visitantes de Dahomey acharam erroneamente que Mawú seria o deus supremo de Dahomey, correspondente ao Deus único do cristianismo. Os Fóns acreditam que quando há um eclipse, Mawú e Lisá se encontram e, nessa ocasião fazem amor, dando origem a mais voduns para ajudarem a humanidade. 
Lisá tem muito haver com o Òsáàlúfón dos iorubás, pois da mesma forma representa a supremacia, a hierarquia e a sabedoria. Possui poucos filhos no Brasil, devido a falta de fundamentos para iniciá-lo. 
Alguns ainda afirmam, que Lisá seria o mesmo Òsáàlá (título dado aos òrísás fúnfún, na África relacionado diretamente a Òsáàlúfón), e que a diferença seria apenas a pronuncia e o dialeto, traduzindo da linguagem ioruba para o fón. 
De qualquer forma, Lisá possui muitas coisas que o difere de Òsáàlá, até por que, segundo as lendas iorubás Òsáàlá possui um gênio diferente, sendo bondoso e benevolente. Lembremos que jamais devemos confundir os Òrísás com os voduns, por mais que possuam lendas e domínios em comum.
As divindades mais conhecidas que formam o clã de Lisá são:

*Lisá Gaman- Vodun masculino velho, sendo filho de Mawú e Lisá e herdando muito a característica de sua mãe. É calmo e benevolente, olhando sempre com bons olhos para a humanidade. Usa cajado de madeira;
*Oulisá ou Olísá- vodun masculino que habita as águas oceânicas. Pertence ao panteão do trovão, regendo as águas frias e calmas. Veste branco e prateado e usa espelho e adornos de conchas;
*Lisá Lumêji- vodun masculino jovem e guerreiro. Usa alfanje e outras armas de guerra. Aprecia adornos de metais prateados, sendo muito quente e arredio. Seria esse vodun o responsável pela gravidade e pelo eixo da terra. É muito parecido com o òrísá Òsáàgíyàn dos iorubás;
*Lisá Agbajú- vodun masculino e muito velho. Tem livre acesso entre o céu e a terra sendo o portador das mensagens de seu pai Lisá. Segundos as lendas ele seria um pombo branco que leva os recados de Lisá aos seres humanos;
*Lisá Akazun- vodun masculino que faz a ligação entra a humanidade e Lisá. Ele leva a resposta das pessoas as mensagens de Lisá, fazendo o trajeto contrário ao de Agbajú;
*Lisá Aiyzú- vodun masculino, jovem e guerreiro. É mais ligado a sua mãe Mawú, e seria o responsável pelas mensagens da mesma para a humanidade. Recebe suas oferendas a noite e veste branco e prata;
*Lisá Molú- vodun masculino e velho. Seria esse vodun o responsável pelas tradições e liturgias, tendo a função de levar a cultura através das gerações, impedindo que se perca ao longo dos tempos;
*Lisá Wete- vodun masculino coligado a cultura dos Tohousu. É coberto de acnes (espinhas) não sendo iniciado em nenhum adepto. responsável por proteger as pessoas com doenças de pele;
*Lisá Gwêgwê- Vodun masculino guerreiro. Possui o gênio muito parecido com o do seu pai Lisá, sendo impetuoso e impaciente, ajudando a castigar a humanidade conforme seus erros. Veste branco e azul;

Existem diversos voduns do clã de Lisá, cada um com sua particularidade porém, sempre fúnfún, adornados de branco e prata. Dentre todos os filhos de Mawú e Lisá se destaca Nànàn, a grande rainha de Dahomey, que na terra era a principal sacerdotisa de sua mãe. Mawú e Lisá tinha como irmãos Aido Wedo e Dangballa, que representam respectivamente o arco-iris e seu reflexo nas águas, sendo enviados juntamente por seu genitor Dangbé para a terra cada um com sua função. Mawú e Lisá povoaria o planeta e criaria civilizações e Aido Wuedo e Dangballa o nutriria, sendo responsável pelo abastecimento de água, ar, e todos os demais elementos necessários para a vida na terra.
Lisá com certeza é uma divindade de extrema importância, sendo muito temido dentro da religião por seu temperamento, mas por outro lado, sendo indispensável para o cumprimento das leis e a organização da sociedade.


Mawú - A deusa lua

Vódun Mawú

Mawú seria para os povos fóns a maior divindade do panteão. Seu poder é comparado ao do grande Deus Supremo Avievódun e em muitos lugares do antigo Dahomey, é o próprio. É a deusa da lua, e tendo como Lissá o deus sol.

Sabemos que nossa religião é formada por vários povos oriundos de distintos vilarejos na África, logo, existe uma distorção do culto, com informações e lendas que se contrariam. A nação Djedje por exemplo, é formada por descendentes do antigo Dahomey (atual República do Benim), e é composta por histórias contadas por ancestrais de todos os vilarejos que compõem esse país, tais como Allada, Abomey, etc. Por este motivo existe um excesso de cultura e uma eventual confusão relacionada a origem das divindades. Basicamente é como se pegasse o Brasil e transformasse em uma religião e misturasse todos os povos de todos os estados. O resultado seria frevo com funk, samba com forró, os mais variados sotaques e dialetos, e toda a história cultural de cada estado, tais como lendas, fé, devoção, etc. Certamente Mula sem cabeça, Saci, Iara, dentre outros se tornariam deuses e cada descendente de cada estado, contaria sua versão sobre a divindade em questão. Parece confuso, mas foi mais ou menos isso que aconteceu séculos atrás, com a vinda dos negros para o Brasil, escravizados pelos portugueses. Por este motivo, é meio contraditório falar dos deuses africanos, uma vez que no próprio Dahomey existe várias versões para a origem e domínio de seus deuses. 
Mawú por sua vez, em alguns vilarejos é cultuada como filha de Nànàn Gbúlúkú e em outros como mãe. A segunda versão da história é a que me parece mais plausível, então irei redigir assim neste texto. Dangbé, a grande serpente da vida, teria tido quatro filhos, que seriam os primeiros deuses que compunham o panteão Fón: Mawú, Lisá, Aido Wuedo e Dangballa. Mawú seria feminino, a deusa Lua; Lisá seria masculino, o deus Sol; Aido Wuedo seria o arco-íris, o Deus o frescor e Dangballa seria sua companheira, o seu reflexo nas águas. Mawú e Lisá eram muito unidos, sendo as vezes confundidos como uma única divindade, sendo visto desta forma em algumas aldeias que compõe o Dahomey. Mawú e Lisá deram origem a muitas divindades, dentre elas a grande Nànàn gbúlúkú ou Nae Igbayn, e outros deuses que fazem parte diretamente do nosso culto, tais como Gú, Agué, Azansu, Aikuguman, Sogbo, Vodun djó, Legba e Azili (Aziri). Lisá era muito quente e arredio, tendo muitos pensamentos contrários ao de Mawú. Mawú era uma deusa benevolente, calma e que, protegia os seres humanos, trazendo paz e harmonia para a terra. Lisá por sua vez, era muito autoritário, severo e adora punir aqueles que quebravam as regras impostas pelos deuses, castigando-os. Mawú chateada com seu companheiro, se retira da terra e foi residir na Lua. Lisá se sentiu só, e retirou-se também, porém foi morar no sol. Mawú e Lisá todos os dias apareceriam sobre a terra, iluminando o planeta e vigiando de longe seus filhos. Lisá, quente e austero, apareceria de dia, onde a maioria dos seres estão ativos, prestando atenção em tudo o que se passa na terra, e continuaria punindo aqueles que erravam. Mawú apareceria de noite, onde a maioria dos seres descansavam, e traria a paz, a harmonia e o perdão para os que erram. Os seres humanos sentiram falta de Mawú, e clamavam sua volta, pedindo que os ajudassem e que olhassem por eles. Por este motivo, é comum vermos frases ou orações que clamam à Mawú pelos seres da terra, pedindo auxílio, proteção, etc (Máwu mi nô que significa Deus nossa mãe é um termo usado pelos povos fóns que exemplificam essa devoção ao vodun Mawú). Quando os colonizadores chegaram a Dahomey e viram essa veneração pela deusa Mawu, acabaram por definir que a mesma seria a deusa ou deus supremo da região, partindo daí a confusão que compara Mawú ou as vezes Mawú-Lisá como a divindade maior dos povos fóns. 
Segundo as lendas, Mawú e Lisá de tempos e tempos, ainda se encontravam, formando o que é chamado de eclipse, e nesta ocasião matavam as saudades, faziam amor e davam origem a mais voduns. 
Mawú tinha como principal sacerdotisa Nànàn gbúlúkú, que deixou um legado de como sua mãe seria cultuada. Nànàn ou Nànà seria um título dado a toda sacerdotisa da deusa lua, formando um clã feminista, uma sociedade secreta. 
Mawú é o princípio feminino, a deusa do frescor, do perdão. Seria aquela que trás os sonhos para a humanidade. Senhora do descanso, da cura e da fé. Não seria iniciada, uma vez que ao contrário de Lisá, não voltou mais a terra. Muitos sacerdotes, motivados pelo sincretismo religioso e pela necessidade de existir uma comparação entre as divindades da nação djedje, ketu e angola, acabaram por confundir Mawú com Íyèmònjá, por uma ser a mãe de muitos voduns e a outra a mãe de muitos òrísás, passando então a inicia-la em suas casas. Para nós, estudiosos e historiadores, Mawú é um vodun supremo, não tendo como iniciá-la em um neófito, porém, existindo culto e certos fundamentos para tal divindade. 
Mawú sem dúvida é uma divindade de extrema importância, tendo regência sobre a fertilidade, a vida e toda a essência do sexo feminino. Seria ela a divindade da procriação, da gestação e da propagação da vida terrena. Para os mais antigos, a lua sempre foi uma potencial influenciadora nos assuntos terrenos, agindo sobre mulheres grávidas, determinando dias para os ègbós e obrigações, interferindo na maré, dentre outros fenômenos dependentes de ações lunares e que são comprovados cientificamente. Logo, assim como o Sol, a lua possui sua importância, seja cultural ou científica, e sempre foi um astro misterioso, que encantou os seres humanos desde quando foram criados. 


Fá - A divindade da profecia

Vódun Fá

Vódun Fá, o senhor do destino. Na mitologia Fón, Fá é um vódun, e divindade da profecia, identificado no jogo do merindilogun pelo Odu Ejibe.
Fá também é às vezes chamado Efá, que é de fato a incorporação do conhecimento e sabedoria e a forma mais alta da prática de adivinhação entre os Fons.
Embora Fá não seja de fato Efá, nome de um Oráculo dos Fons em Benim, a associação íntima existe, porque ele é o que conduz o sacerdócio de Efá.
É a Divindade fongbé maior, introduzida por Lissá através de Setilu, seu primeiro sacerdote.
Foi um grande Bokonón (sacerdote de Efá) e governa o conhecimento do destinos e dos presságios denominados Odús. 
Para se limpar de todas as sua necessidades:
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Fá diz que se é falta de lucros que nos perturba, Fá dá ordem para nós abrirmos nossas portas para que a dona da chuva da bondade possa entrar.

Fá diz que se é falta de uma esposa que nos perturba, Fá dá ordem para nós abrirmos nossas portas para que a dona da chuva da bondade possa entrar com uma boa esposa.

Fá diz que se é falta de um filho que nos perturba, Fá dá ordem para nós abrirmos nossas portas para que a dona da chuva da bondade possa entrar com um filho saudável.

Fá diz que se é tumulto ou desordem que perturba a cidade, Fá dá ordem para nós abrirmos nossas portas para que a dona da chuva da bondade possa entrar com paz e amor na cidade.

Fá diz que se estamos sentindo a falta de tudo, Fá dá ordem para nós abrirmos nossas portas para que a dona da chuva da bondade possa entrar com todas as bondades da vida.

Fá diz que se é doença e epidemias que nos perturba, Fá dá ordem para nós abrirmos nossas portas, para que a dona da chuva de bondade possa entrar com saúde.

O pai de todas as riquezas Fá diz que se é a morte que bate na nossa porta, Fá diz que é a folha de didimonisaayun  que vai ajudar a evitar a morte.


A folha de didimonisaayun  que vai ajudar a evitar todos os males, que vai evitar todos os prejuízos, epidemias e acidentes na vida.


A folha de didimonisaayun  que vai evitar as ações negativas em nossas vidas.

Fá o dono de todas das sabedorias, que vai levar até nós todas as bondades da vida.
Fá, é o princípio da intuição, da premonição, os sentidos do espírito, o olhar que conhece o futuro.
É o deus invocado no jogo de búzios, pois é ele quem conhece todos os destinos odus, cabeças oris e caminhos.
Ele diz a Legbá que movimente suas palavras até os búzios, indicando que orixá esta regendo uma pessoa, o porque, e com que destino, pois tem o conhecimento desde o começo do mundo.
A importância de Fá é tão grande que chegamos a concluir que se um homem fizer algum tipo de pedido ao todo poderoso Avievódun, Deus, o Senhor dos Céus, esse pedido só poderá chegar até Ele através de Fá e, ou Legbá, que são somente eles dois dentre todos os Vóduns os que têm a permissão, o poder e o livre acesso concedido por Avievódun de estar junto a Ele, quando assim for necessário.
Fá é o senhor dos destinos, é quem rege o plano onírico, sonhos, é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de Avievódun, ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu, é o regente responsável e detentor dos oráculos, foi quem acompanhou Lissá e Dan na criação e fundação de Abohmey e Nanã na fundação de Savé.


Acredita-se que Avievódun passou e confiou de maneira especial toda a sabedoria e conhecimento possível, imaginável e existente entre todos os mundos habitados e não habitados à Fá, fazendo com que desta forma o tornasse seu representante em qualquer lugar que estivesse.
Na Terra, Avievódun fez com que Fá participasse da criação da terra e do homem, fez com que ele auxiliasse o homem a resolver seus problemas do dia a dia, também fez com que ajudasse o homem a encontrar o caminho e o destino ideal de sua cabeça.
No céu lhe ensinou todos os conhecimentos básicos e complementares referente todos os Vóduns, pois criou um elo de dependência de todos perante Fá, todos devem consultá-lo para resolver diversos problemas, com pôr exemplo, a vinda de Lissá e Dan à terra para efetuar a criação de tudo aquilo que teria vida na mesma, porém o grande Vódun não seguiu as orientações prescritas por Efá, e não conseguiu cumprir com sua obrigação caindo nas travessuras aplicadas por Legbá, ficando esta missão por conta de Mawú.
Também Fá fala e representa de maneira completa e geral todos os Vóduns, auxiliando um consulente no que ele deve fazer para agradar ou satisfazer um determinado Vódun, obtendo desta forma um resultado satisfatório para o Vódun e para o consulente.
Fá sabe e conhece o destino de todos os homens e de tudo o que têm vida em nosso mundo, pois ele está presente no ato da criação do homem e sua vinda a Terra, e é neste exato instante que Efá determina os destinos e os caminhos a serem cumpridos pôr aquele determinado espírito.
É por isso que Fá tem as respostas para toda e qualquer pergunta lhe é feita, e que ele têm a solução para todo e qualquer problema que lhe é apresentado, e é por esta razão que ele têm o remédio para todas as doenças que lhe forem apresentadas, por mais impossível que pareça ser a sua cura.
Além disto tudo, Fá é também quem tem a vida e a morte em suas mãos, pois ele é a energia que esta mais atuante e mais próxima de Avievódun, podendo ele ser a única entidade que tem poderes para suplicar, pedir ou implorar a mudança do destino de uma pessoa.
Mediante o uso de conchas adivinhas, Fá revelava aos homens as intenções do supremo deus Avievódun e os significados do destino.
Fá aplainava os caminhos para os humanos, enquanto Legbá os engambelava na estrada e fazia incertas todas as coisas.
O caráter de Fá era o destino, o de Legbá, era o desafio.
Mesmo assim ficaram amigos íntimos.
Fá viajou com alguns acompanhantes.
Os homens de seu séquito não levavam nada, mas Fá portava uma sacola na qual guardava o tabuleiro e os Obis que usava para ler o futuro.
Mas na comitiva de Fá muitos tinham inveja dele e desejavam apoderar-se de sua sacola de adivinhação.
Um deles mostrando-se muito gentil, ofereceu-se para carregar a sacola de Fá.
Um outro também se dispôs à mesma tarefa e eles discutiram sobre quem deveria carregar a tal sacola.
Até que Fá encerrou o assunto dizendo:
Eu não estou cansado. Eu mesmo carrego a sacola. Quando Fá chegou em casa, refletiu sobre o incidente e quis saber quem realmente agira como um amigo de fato.
Pensou então num plano para descobrir os falsos amigos. Enviou mensagens com a notícia de que havia morrido e escondeu-se atrás da casa, onde não podia ser visto.
E lá Fá esperou. Depois de um tempo, um de seus acompanhantes veio expressar seu pesar.
O homem lamentou o acontecido, dizendo ter sido um grande amigo de Fá e que muitas vezes o ajudara com dinheiro.
Disse ainda que, por gratidão, Fá lhe teria deixado seus instrumentos de adivinhar.
A esposa de Fá pareceu compreende-lo, mas disse que a sacola havia desaparecido.
E o homem foi embora frustrado.
Outro homem veio chorando, com artimanha pediu a mesma coisa e também foi embora desapontado.
E assim, todos os que vieram fizeram o mesmo pedido. Até que Legbá chegou. Legbá também lamentou profundamente a morte do suposto amigo.
Mas disse que a tristeza maior seria da esposa, que não teria mais para quem cozinhar.
Ela concordou e perguntou se Fá não lhe devia nada. Legbá disse que não.
A esposa de Fá insistiu, perguntando se Legbá não queria a sacola  de adivinhação.
Legbá negou outra vez.
Aí Fá entrou na sala, dizendo:
Legbá, tu és sim meu verdadeiro amigo!.
Depois disso nunca teve amigos tão íntimos, tão íntimos como Legbá e Fá.