domingo, 1 de maio de 2016

Nação Nagô-Vódun

Símbolo que junta os povos Dahomeanos com os Iorubás
(Povo Djedje-Mahí e Nagõ Ketú)


Nago-Vodun, como o próprio nome indica, é uma modalidade de candomblé com elementos conjuntos, Jeje e Ketu. Foi uma maneira criada para que as práticas complexas do ritual Jeje não se tornassem esquecidas pela força da mídia que via nas casas de candomblé Ketu, ou Nago o melhor exemplo de culto africano aqui instalado.

Oxúmarê é associado à Dan
(espirito da serpente)
Essa fusão de crenças não se deu no Brasil, exatamente. Já havia ocorrido em África. Eram povos vizinhos próximos, e nos mapas atuais podemos verificar um traçado vertical que delimitou os dois países a partir de 1885 através de um tratado político. Como conseqüência, algumas cidades nagôs ficaram localizadas em território do que é hoje o Benin, e a outra com a República da Nigéria.

Esta vizinhança permitiu um sincretismo cultural-religioso entre os dois, facilitado pelas guerras e capturas de escravos, a convivência de vida e o casamento com mulheres prisioneiras. A assimilação entre Vodun e orixá surgiu aí e foi trazida na lembrança pelo tráfico escravo.

O Jeje teve dois importantes centros, Bahia e Rio. Na Bahia, mais precisamente em Cachoeira e Salvador, a titularidade seguiu o sistema matriarcal, ou seja, sempre dirigido por mulheres, cuja denominação possuía variantes de acordo com a iniciação que seria feita. Doné, Mejitó e Gayaku, esta última com a finalidade de definir as iniciações de orixás dos candomblés Ketu, validando a expressão Nago-Vodun.

Oxóssi é associado à Otolú
(espirito da caça)
No Rio , o candomblé Jeje teve seu desenvolvimento a partir de 1874, através de Rozena de Besen, e logo depois por Mejitó, que se permitiram uma fidelidade ao princípio matriarcal de liderança. Em 1930, vem para o Rio, Antonio Pinto de Oliveira, mais conhecido por Tata Fomutin que viria a ser o precursor do Jeje-baiano, dando início a uma extensa família entre filhos, netos e bisnetos de santo. Iniciado em 1912, em Cachoeira, e como os demais baianos que aqui se instalaram, não seguiu a titularidade matriarcal, pois ele mesmo foi uma primeira exceção masculina. A denominação de Doté para definir um cargo masculino viria a ser popularizada mais tarde.



Iniciado em 1912, em Cachoeira por Maria Ogorensi, numa estrutura toda identificada com as mulheres, e por morar em Salvador, afasta-se e busca conhecimentos no Engenho Velho. Seu orukó, ou seja, seu nome iniciático era Osun Deyi , uma expressão yorubá como seria também, a de seus futuros filhos. Isto, talvez, explique a razão de seus iniciados terem orixás e orukó segundo as tradições do candomblé ketu. Fomutin teve o mérito de lembrar esta ajuda denominando seu terreiro no Rio de Kwe Ceja Násò, em homenagem à Iyá Násò, a matriarca absoluta do candomblé do Engenho Velho.

Xangô é associado à Sogbô
(espirito do fogo)
Posteriormente, tudo viria a ser corrigido após sua morte, fortalecendo o conceito do ritual Nagô-Vodun. Os filhos por ele iniciados passaram a substituir os nomes recebidos por expressões Jeje e o Orisás feitos, “assimilados” aos Voduns. E isto vem sendo observado atualmente. Pessoas iniciadas para Osoosi , com vestimentas, comidas, cores e símbolos de Osoosi, mas dizendo-se de Gagaotolu; Os um tornou-se Aziri Tobosi , mas continuou o comer o Omolokum, a usar o abebé, o adê com o chorão, uma tradição eminentemente yorubá. Omolu passou a ser Azansun. Se no original a palha-da-costa era de cor natural, passou a ser tingida de vermelho. Sangô tornou-se Badé, Sogbo ou Akorombé. Mas comendo Amalá, usando o oxê, coroa e outros símbolos do orixá yorubá.

Diante deste quadro, algumas questões são inevitáveis. Afinal, Vodun e Orisá possuem os mesmos atributos? São as mesmas divindades com nomes trocados? Já foi afirmado que os Minkisi da nação de angola seriam os mesmos Orisás yorubá com outras denominações. Seria a mesma coisa com determinados Voduns do Jeje? Acreditamos que os Voduns tenham suas qualificações e atitudes próprias, mas que diante destas “assimilações”, a identidade cultural que possuem venha sendo perdida. Esta pode ser uma idéia para investigação profunda entre os estudiosos identificados com os candomblés Jeje.

Konlonfé!!


5 comentários:

  1. Acredito que alguns voduns podem sim ter origem comum com determinados orisas(oque é muito pouco provável se tratando de nkisi).isso demanda pesquisa antropológica.agora o fato é que as casas de candomblé (em graus e níveis variados) são todas "nago vodum" ( exceto as casas bantu.estas bantu nago).Mesmo as tradições ditas gege mahi puros, estão alicerçados em alguns ritos nagos e até mesmo tradições desenvolvidas no Brasil.Todas com sua importância e seus valores, mas Nagos de forma ou outra.

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  2. Fidelis Valente

    Discordo quando diz que, é muito pouco improvável que os Nkisi tenham origem em comum com os Orixás. O próprio idioma yorubá, é classificado como pertencente a família linguística nígero-congolesa. Podendo nos indicar, que em algum momento do passado houve contato entre grupos étnicos nagô-yorubá e Banto.

    E ao contrário do que você diz, o Candomblé Angola-Congo foi fortemente influenciado pelo Jeje.

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  3. Até onde sei jeje e Angola são.primas ou coirmãs. Então acredito muito nesta fusão de jeje e angola.

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  4. Eu costumo utilizar uma nova terminologia ou adaptação, tendo em vista todo o contexto histórico da escravidão, onde os cultos se fundiram ainda mais, costumo dizer: Bantu-nagô-vodum.

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  5. Alguém poderia me falar sobre Iemanjá oci

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