sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Agbê - O senhor dos mares

Vódun Agbê

Agbê é o vódun senhor de hu, o mar. Está entre os Tô-vóduns, cultuado sobretudo pelos hweda, nas circuvizinhanças de Uidá e Grande Popo, no Benim. Ele foi o terceiro filho de Mawú, gerado com sua irmã gêmea Naeté. Ele é representado por uma serpente, um símbolo que representa tudo que é perene. Um de seus filhos mais temidos é Dan Toxosu, que manifesta sua própria imagem, nos nascimentos de bebês com deformações físicas, pois os fón consideram que crianças com deformidades são protegidos por Tohosu ou Toxosu (lê-se: Torrossu). A festa anual de Agbê (chamada Gozìn), que celebra a aliança entre os homens e o mar, ocorre em Grande Popo no litoral sudoeste do Benin (antes, em Uidá) todo dia 10 de janeiro, dia que o governo beninense decretou em 1996 como feriado nacional, dedicado à herança ancestral da tradição vodun. A cerimônia, muito concorrida por iniciados do culto vodun vindos de várias partes do Benin, mas ainda também do Togo, Haiti, França, Canadá,EUA e Brasil, é dirigida pelo mais respeitado sacerdote de Agbê entre os fon, que é o Daagbo Hunon, cuja tradição remonta ao Século XIV. Para muitos, o Daagbo Hunon é o mais importante sacerdote de toda a religião dos voduns.

Na época em que o rei Agbé (Agbê) estava guerreando contra os gens de Agome-séva, conheceu uma mulher chamada Aveu (originária de Avé) que tinha trazido da região do Tado uma serpente tida como sagrada e era adorada pelo povo gen de Houla sob o nome de Ahuanba (O Chicote da Guerra) e lhe construiu um templo na região do Grande Popo dentre o povo gen que habitava Houla. Agbé quis saber da mulher qual a importância da adoração e dos poderes da serpente, e um deles, era o de conferir poder nas guerras e invencibilidade. Agbé perguntou a Aveu o que ele teria que fazer para vencer a guerra que tinha contra os gen de Agome-séva, ela lhe disse que teria que ter a serpente e cultuá-la. Não deu outra... o rei resolveu desposar Aveu, e assim o fez. Agora estava na posse da serpente e prestando culto.
Aconteceu, porém, que fora apanhado de surpresa pelas tropas inimigas que o levaram preso bem como toda sua família, os espancaram e afogaram todos nas águas do mar.
Dessa época para cá, Agbé e sua família passaram a ser reverenciados como voduns do mar pelo povo gen de Houla, o qual passou a prestar mais um culto, o culto do mar ao vodún Agbé e sua família do mar. Por isso é costume dizer que “O mar pertence a Dangbé”, pois o culto de Agbé principia com este povo que anteriormente só prestava culto a Dangbé denominado por eles como “O Chicote da Guerra”.
Os Agbodjevi daquela região uniram estes aspectos religiosos e instituíram o primeiro culto de Dangbé vinculado ao culto do mar com sacerdócio, instituindo sacerdotes dentre os seus, por esta razão os seus sacerdotes são denominados "Dènon" (Sacerdote Principiador), já em outras regiões e por outros clãs o sacerdote do culto do mar ficou conhecido por Hunnon.
Os símbolos de Agbé são conchas marinhas diversas incluindo búzios; a estrela do mar; e os corais, sempre presentes nos fios de conta que portam os seus adeptos. 
Possivelmente com o passar do tempo, o culto do tovodun Agbé fundiu-se com Xù (O Oceano) da cosmogonia Fon, dando ânima ao personagem habitat concebido em um dos partos da deusa Máwu.
Já na diáspora, principalmente no Brasil, o culto de Agbé, bem como o culto de outras divindades do mar, sofreu uma grande influência do culto do òrisà Iyémöjà (Yemanjá na crença nagô), sendo que costumeiramente ouvimos a denominação Agbemanjá em terreiros de Tambor de Mina no Brasil, uma hibridização e/ou aculturação, talvez não só de palavras, mas de cultos.
O vodun Agbé (Agbé Ta Ayó- Abetaió no Hunkpame Dahome - Agbé cabeça de Oyó, porque os reis do Tado continuavam a serem coroados em Oyó, sua origem ) no Haiti onde se denomina Agwe Tawoyo, Agwe é nome oriundo da cidade Agoué (Agbé).



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