Bará Iyanguí |
Existe um itan entre os povos nagôs que conta talvez, porque motivo Exú foi sincretizado com o Diabo pelos portugueses aqui no Brasil, e esse itan fala muito do aspecto de orixá Exú também chamado de Bará, e de suas peculiaridades talvez não muito vista pelo povo.
Quando Exú ainda era pequeno, Exú era chamado de Iyanguí. Iyangui era um menino muito esperto e brincalhão, e odiava ser rejeitado por todos pois, Iyanguí tinha uma perna só e seu rosto era deformado, então as outras crianças não queriam brincar com Iyanguí, muitos por medo, outros por repugnância. Iyanguí era alegre, porém sempre chorava sozinho pois, nenhum de seus colegas queriam brincar com ele. Sua mãe, chamada de Iyegbirú, sempre acariciava o menino com suas mãos macias e delicadas, e preparava para Iyangui uma farofa especial com o fruto favorito dele, chamado de Orô-Pupá, ou como Amêndoa de Dendê. Iyanguí se alegrava muito quando sua mãe Iyegbirú lhe fazia o prato favorito, e enchia a barriga com tamanha gulodisse que ele tinha.
Certa vez, Iyanguí foi para fora de sua humilde casinha para brincar, e mais uma vez, Iyanguí foi rejeitado pelas crianças. E Iyanguí se pôs a chorar novamente. Vendo isso, sua mãe pensou em lhe fazer um prato especial, e precisava ir à beira do vulcão para pegar uma erva para fazer um certo tempero das típicas culinárias iorubás, e se colocou a ir, mas antes, entregou à Iyanguí duas dessas pedras vermelhas chamadas lateritas-vermelhas para que se Iyanguí precisasse de ajuda, riscasse uma pedra na outra e a ajuda lhe seria concebida. Iyegbirú foi, e Iyanguí ficou ali com as duas pedras. Sua mãe demorou muito para voltar e, quando voltou, viu seu filho deitado ao pé de dendezeiro dormindo tranquilamente, então não quis acordá-lo e foi para a cozinha preparar a comida de Iyanguí. Mas, os meninos que antes rejeitaram Iyanguí viram ele dormindo e pegou suas pedras vermelhas e se esconderam atrás da casa onde Iyanguí e Iyegbirú moravam. Os menino queriam pregar uma peça em Iyanguí, dizendo que se chocasse as pedras,, sairia ouros e diamantes dela e Iyanguí seria rico. Então acordaram Iyanguí e lhe disseram que aquela pedra era muito valiosa, era mais valiosa que o próprio ouro, era mais valioso que os Kaurís ( moeda na época dos orixás hoje sendo os búzios ) e que se ele chocasse as duas pedras uma na outra, Iyangui tornaria ele e sua mãe podres de rico. Pobre Iyanguí, acreditou, e desesperadamente riscou uma pedra na outra várias vezes sem parar e enquanto isso os meninos davam gargalhadas da cara de Iyanguí. Então Iyanguí percebeu que era tudo uma farsa e que os meninos estavam mentido e pregando uma peça nele. Foi quando das pedras começou um fogo descontrolado, um fogo com tamanha força e rapidamente o fogo aumentava e consumia com fervor tudo ao seu redor, Iyegbirú vendo aquilo disse que não era para Iyanguí riscar as pedras atoa e muito menos desesperadamente, pois as pedras, continham o poder de fogo e como Iyanguí as riscou várias vezes, o fogo não parava de sair. Foi quando sua mãe num ato de desespero tentou parar a ira do fogo, mas acabou de queimando, e o fogo consumia rapidamente o corpo de sua mãe, os meninos viam tudo com arrependimento e surpresos pois, não haviam visto tamanho poder. Iyanguí gritava e chorava com dor e angústia, e no meio do fogo se jogava para encontrar sua mãe. O fogo consumiu tudo ao seu redor matando assim sua mãe e todos na tribo queimados. Nada restou, somente Iyanguí todo queimado e ferido e suas duas pedras na mão. Iyanguí tentou se livrar das pedras, mas as pedras faziam parte de sí. Então abandonado sozinho, Iyanguí se pôs a virar uma laterita-vermelha e se escondia no fogo para que jamais destruisse mais nada, e sendo uma pedra de fogo, Iyanguí não se queimaria e do mundo se isolaria.
Pedra Laterita Vermelha |
Passando pela estrada estava Orúnmilá, e não acreditou quando viu toda aquela destruição carbonizada ao seu redor, foi correndo para uma caverna e abriu seu jogo de Ifá ( sistema advinhatório usado por babálawos e babás-ojés de culto iorubá e fon, funcionando como oráculo ) e viu no seu jogo que uma criança dotada de uma inteligência incrível mas de um coração cheio de mágoa, arrependimento e desprezo havia feito tudo aquilo e, que essa criança estava escondida por ali em forma de uma raríssima pedra vermelha de fogo. Orúnmilá o encontrou, e se colocou a ajudar o menino, Iyanguí estava ferido, estava com ódio de sí próprio e se julgava a todo momento, então Orúnmilá mostrou que aquilo não foi culpa dele e que Iyanguí tinha o coração puro e cheio de amor, aquilo todo não era por sua culpa. Então Orúnmilá adotou Iyanguí e lhe curou, lhe de de beber, lhe deu de comer, lhe deu abrigo e carinho. Ensinou tudo para Iyanguí e de presente, lhe concebeu o instrumento mais poderoso chamado de Opá-Ogó. Dizendo-lhe que aquele instrumento seria capaz de controlar o tempo e o vento, o futuro, o presente e o passado, seria capaz de transformar quaquer coisa em qualquer coisa, lhe faria um mágico, um feiticeiro e principalmente em um mensageiro, assim Orúnmilá concedeu-lhe o cargo de mensageiro do céu e da terra, lhe deu o direito de se teleportar de qualquer lugar para o outro e lhe deu vários dons que, auxiliaria nas funções de Orúnmilá e nas funções que exerciria no orún e no aiyê, entre eles a comunicação, a alimentação, o dom da visão, o bem e o mal, o ruim do bem, o fogo e todos quatros elementos, lhe concebendo 7 cabacinhas que carregaria pós, feitiços, segredos, enredos e fundamentos, e, por fim lhe deu nome de Exú do iorubá Èșù que significa " Esfera ", seria ele aquele que estaria em todos e quaisquer lugares do universo, seria aquele que rodaria e faria tudo andar, seria aquele que em formato de esfera, faria tudo pairar sobre ele e tudo se movimentar, seria aquele que antes de tudo, seria o primeiro, seria Exú em forma de uma esfera de fogo que todos iriam se sustentar, e dele se criaria a água, a terra e o ar, seria dele que viria todo o sustento, todo o alimento, todo o caminhar. Tudo servido à qualquer outro orixá, seria servido primeiramente à Exú, mas também conhecido como o núcleo da terra. Aquele que de uma pedra chamada laterita-vermelha criou uma grande bola de fogo e fez aos poucos, tudo nele se juntar, criando assim o princípio no áiyê. Aquele que se fez Akesán e se dividiu em nove para cada parte governar. Aquele que faria tudo por volta dele girar, aquele que de tudo participar e de tudo terá, aquele que que não define o bem do mal, somente faz jus ao que é persuasivo à evolução do mundo. Este chamado de Exú, o senhor de todos os caminhos, todas as energias, senhor que tudo come, senhor que tudo vê, senhor que tudo sente. O guardião de tudo e o mestres dos reis. Seu nome batizado de Exú, fez de Iyanguí o orixá primário.
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