Vódun Ajágunsí |
Ajágunsi ou Adjáhunsí é um vódun masculino, pertencente ao panteão da terra e extremamente coligado ao universo das Naés (mães d'água). É um exímio caçador e pescador, e vive na beira dos rios acompanhando as Naés. Rege os animais que vivem tanto na terra quanto na água, tais como répteis, anfíbios e alguns pássaros. Divindade da juventude e da alegria, representa a inocência e a pureza,protegendo as pessoas durante a fase jovem. Responsável por todo o aprendizado das crianças, desde fala até mesmo o andar. Suas cores variam entre o azul, o verde e o amarelo.
Seria um vodun de culto da Casa das Minas (Maranhão), oriundo de Savalú, e que teve seu culto assimilado aqui no Rio de Janeiro também. Apesar de ser um assunto polêmico pois muitos acreditam que esse vodun trata-se de uma invenção ou de um pseudônimo de Òlóògúnèdé (Divindade de culto iorubá, cultuado nas casas de ketu), Adjahunsi ou Ajaunsi passou a ter um culto forte e abrangente em muitas casas de culto djedje no Rio, sendo contados ítóns (lendas) que afirmam a existência dessa divindade.
Segundo os mais velhos, em Savalu, norte de Dahomey, existia um habilidoso caçador chamado Azaká. Esse caçador tinha a responsabilidade de alimentar toda sua aldeia, sendo habilidoso e famoso por sua eficiência. Azaká era conhecido por adentrar a selva, sem medo, passar dias em matas fechadas e depois voltar com caças em grande quantidade ou de grande porte, saciando a fome de seu povo. Era irmão de Agongone e Tôpa, voduns esses que também possuem culto na Casa das Minas e também eram caçadores. Tinha como sobrinhos Azowani e Otolu, e comumente saía para caçar com eles, preparando Otolu para sucede-lo futuramente.
Certo dia Azaká em uma de suas espreitadas pela mata, encontra uma linda Togbosy (vodun feminino das águas) e encantado, acaba por sucumbir-se ao desejo, tendo relações com a linda mulher. Azaká então, volta a sua cidade, perdendo o contato com essa misteriosa Togbosy, sem saber que daquele encontro surgiria uma vida. Essa Togbosy havia engravidado do habilidoso caçador Azaká, dando origem a Adjahunsi ou Ajaunsi.
Adjahunsi foi criado no reino das águas, junto as demais Togbosys. Rapidamente, mostrou-se ser habilidoso para caça e para pesca. Vivia a maior parte de seu tempo a pescar, se aventurando nos rios mais revoltos, onde vivem os maiores peixes. Usava como artefatos um arpão que tanto servia para pescar quanto para caçar nas matas e uma rede (dam). Aprendeu os segredos das Togbosys e por esse motivo não poderia mais sair do reino das águas, sendo sempre cultuado junto a elas.
É fato que sua lenda é muito parecida com a história contada sobre o òrísá Lògún-èdé, onde Azaká (o caçador) seria Òdé e a Togbosy (ninfa das águas) seria Òsún. Porém devemos lembrar que muitos voduns por mais que tenham características em comum com os òrísás, são divindades a parte, devendo ser assim cultuadas. Sogbo tem muito haver com Sango, Vodun Djó é parecida com Òíyá, Agué similar a Òsàníyn (...) e por mais que dividam lendas, costumes e cores, são divindades diferentes.
Contam outras "estórias", que Ajaunsi seria um apelido dado por "malukos" (erês) a uma mulher de Salvador que, iria se iniciar no Ketu para o òrísá Lògún-Èdé e, que acabou por se iniciar no Bogun para Òdé.
Contam outras "estórias", que Ajaunsi seria um apelido dado por "malukos" (erês) a uma mulher de Salvador que, iria se iniciar no Ketu para o òrísá Lògún-Èdé e, que acabou por se iniciar no Bogun para Òdé.
Outros afirmam que, por Lògún-èdé ser um Òrísá de culto Ketu e, por razões específicas, não ter espaço para culto nas casas matriz de djedje, Adjahunsi seria uma forma de iniciar seus filhos no culto, disfarçando-o de vodun, tendo desta forma menos preconceito para cultuá-lo.
Sendo Lògún-Èdé disfarçado ou sendo vodun a parte, Adjahunsi acabou ganhando espaço no culto, tendo cantigas e fetiches que o difere do òrísá em questão, passando a ter muitos filhos e ritual próprio, por mais que exista uma grande mistura e confusão entre culto ao òrísá e culto ao vodun.
É dito também que Adjáhunsí poderia ser comparado não somente à Logun, mas também à Odé Karê, uma qualidade de Oxóssi mais jovem envolvido com Oxún e Oxalá, este sendo também caçador e pescador protetor dos répteis, anfíbios e aves aquáticas.
Adjahunsi, assim como o vodun Azaká, pertence ao panteão de Sakpatá, rei de Savalú. É cultuado nos rios revoltos e agitados, onde existem os mais variados tipos de peixes dos mais variados tamanhos. Mesmo sendo um hábil caçador, não pertencia ao clã dos Hundevalú (título dado aos grandes guerreiros-caçadores), pelo fato de não ter conhecido seu pai Azaká, não possuindo então nenhum vínculo com o grande caçador de Savalú.
Adjahunsi pertenceria a um outro Clã, chamado de Adjahun, onde faziam parte os pescadores das águas doces, que exploravam os rios e alimentavam suas aldeias-cidades com pesca.
Seria comumente confundido também com o vodun Averekete, porém nada tem em comum, a não ser o fato de serem pescadores, um dos rios e o outro dos mares.
Dentro do culto, Adjahunsi é um vodun jovem e alegre. Seria responsável pelo aprendizado das crianças, ajudando-as em sua fase de crescimento e ensinando-as a falar, brincar e se desenvolverem. Rege a pureza, a inocência e a alegria, protegendo todas os jovens e tendo a propriedade de manter a juventude dentro de cada ser humano, independente de sua idade.
Pertencem ao seu domínio os rios revoltos e todos os animais que vivem tanto nas águas quanto na terra, tais como anfíbios, répteis e alguns pássaros.
Trás consigo o arpão, a rede, vara de pescar, anzóis e penas. Veste Azul em sua maioria e em todas as tonalidades, com alguns detalhes pratas e dourados.
É cultuado nos rituais aos voduns das águas, sempre estando ao redor das Togbosys. Recebe como oferendas peixes de água doce, grão de bico, ovos, frutas e doces.
Ahoooooooooo!!!!
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