segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Gú - O guerreiro Njí

Vódun Gú

Entre os praticantes do Vodun Fon, Gu é o senhor do ferro e das guerras, aquele que tornou o mundo habitável. Por isso suas atribuições são inúmeras:
Vodu da guerra, do fogo, da metalurgia, dos ferreiros, da morte violenta, protetor dos circuncidados, da cirurgia, das incisões e escarificações. É o vodun da tecnologia. Tem semelhança com o orixá Ogun dos Iorubas.
O seu culto foi introduzido ao sul do Daomé no final do século XVII, por ferreiros e sacerdotes iorubas.
Com o tempo tornou-se bastante popular, sendo bastante cultuado nos seus templos e casas de culto, além de ter seus oratórios em quase todos os outros locais de culto de voduns.
De acordo com Verger:
“Para os Fon do Daomey, Gun desempenha o mesmo papel que Ogun dos iorubas, mas, como Odùduwà, é desconhecido em Abomey, Gun ai, é considerado o filho de Lisa e Mawu, versão fon de Orìsàálá e Yemowo. Maximilien Quénum o compara a Legba e assinala sua presença diante das forjas. Christian Merlo indica que "todos os templos" têm seu Gun, cuja virtude é fortificar o vodun."
Seu emblema principal é o Gubassá, uma adaga metálica adornada com desenhos, utilizada em diversos rituais, incluindo o culto de Fá.

                                                     GUBASA

A principal arma de Gu é o sabre, o Gubasa. É um instrumento mortalmente cortante e contundente. Os desenhos gravados sobre a lâmina, possuem um sentido que evoca a memória de Abomé. Da mesma forma o circulo e o losango sobre a extremidade da faca que assinalam a parte onde a lamina é mais perigosa. O triangulo recortado no canto da parte cortante chama-seazan yiyi, mi do xa mi, cabo de árvore, me ajude !
É a súplica das pessoas que temem a ira de Gu e o fio de sua lâmina. O triângulo oposto e o losango abaixo propiciam o poder conhecido como ace, ou a capacidade de vencer uma missão. A argola ou cintura aonde o cabo do sabre é afixado chama-se blabla na lingua fon. O Gubassá também é conhecido e utilizado no vodu haitiano.   
                                                       Gudaglô
  O Gudaglô, facão de tamanho menor, é um outro emblema, símbolo de proteção e defesa contra os inimigos.É um facão como o gubasa, porém sem desenhos gravados. Essa também pode ser a representação do zonkpè, o martelo da bigorna. Na iconografia fon, é representado segurando estes dois sabres, o Gubassá na mão direita e o Gudaglô na mão esquerda. Nas danças seus vodunsis (iniciados) seguram o Gubasá na mão direita e o adjá na esquerda.

Akansanwu
A vestimenta de Gu, é a tunica em faixas de algodão tecido, isso está sugerido nessas imagens de ferro. A forma se estreia nos ombros e se alarga no corpo. 
Alingle
O acessório que Gu segura na mão esquerda e aproxima da orelha ( como se fosse um telefone) é uma sineta, o ajá ( adjá). Ao contrario dos varios sinos e gongos que os africanos tocam com uma vareta pelo lado externo, o aja é percutido na parte interna próximo à base da cavidade. Esse instrumento é um acessório indispensável para os hunô, os sacerdotes do vodum. 
                                                               
As ferramentas do deus daomeano, Gu
A imagem que os daomeanos apresentam do seu deus Gu, é uma estatueta de um homem de ferro segurando o facão e usando uma coroa sobre a cabeça.

Coroa de Gu
Essa coroa que ele carrega sobre a cabeça é formada por varias ferramentas que representam os seus atributos. Carregar sobre a cabeça não é algo aleatório na sua representação. A cabeça é o lugar por onde o vodun toma posse de seus adeptos.
Entre esses deuses, há os ta-vodun, carregados sobre a cabeça, e outros sobre os ombros.
Sendo Gu um guerreiro absoluto, sua função é estar em permanente prontidão, para qualquer tipo de combate. Sendo assim, nenhuma de suas armas podem lhe faltar. Essa coroa também é um Asen, altar movél, que se fixa sobre a terra.

Asen - Os acessórios do altar-coroa de Gu

1. Sosivi - o machado de Heviossô, um dos grandes deuses vodu, o do trovão. A forma desse machado assemelha-se com as dos Oshe Xangô dos iorubás. Tal como nas estatuetas desse deus, em que os cabelos das jovens é penteado em forma de machado duplo, sendo associadas por esse motivo à força do relâmpago e da fecundidade. Heviossô confunde-se com Xangô, o primeiro orixá, deus dos iorubás. Foi um antigo rei de Ifé, divinizado pelo povo. Guardião da ordem no pais vodum, aquele que persegue e fulmina os assaltantes.

2. Kponuhwan - bastão com ponta de lança.

3. Dan xèlè - símbolo ou ferramenta específica de Dan, outra divindade do vodum. Nesse panteão Lissa é um camaleão, Heviossô um trovão e relampago e Dan é a serpente piton e o arco-iris.

4. Nutonu - buril

5. Hwi : facão

6 - Alin - enxada

7. Kponuhwan ken non : dardo ou arpão.

8. Atakla - garra, arma para a luta corpo-a-corpo.

9. Glankpazunvazunva - podadeira. Esse nome significa literalmente glankpa : foice --zun : mato -- va : corta. É um instrumento usado para desbastar , mas que também serve de arma.

10. Mlen - anzol

11. Alingle- é o adjá, sineta de percussão usada pelos bokonon, sacerdotes- adivinhos de fa, o grande ancestral dos orixás iorubás.

O adjá é fixado na coroa com uma corrente.


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